sábado, 23 de janeiro de 2016

O Conceito de Angustia 1944- Dicionário de Obras Filosóficas de Denis Huisman

Dicionário de Obras Filosóficas

de Denis Huisman
Edição/reimpressão:2000
Páginas: 610
Editor: Martins Fontes
ISBN: 9788533612518
Idioma: Português do Brasil
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Kierkegaard,Søren Aabye ,Filosofo dinamarquês ,1813-1855.


Conceito de Angústia, om Begrepet Angest, 1844. p.67

 Kierkegaard apresentava essa obra como "uma simples mediação psicológica para servir de introdução ao problema dogmático do pecado". A essência da angustia  é considerada a partir do pecado original : com o erro de Adão, a angustia entra na realidade humana. O homem, ao contrário do anjo e do animal, fadados à imediação , atinge um representação dos possíveis com que se defronte na angustia como "vertigem dos possíveis". Essa experiencia, dramática mas não menos salutar, enraizar-se no fato de que o homem é síntese de tempo e eternidade - eternidade que pode manisfestar-se na angustia. Mas será preciso distinguir aqui a angustia diante do mal da angustia diante do bem, ou demoníaca, sentida pelo pecador quando percebe que poderia liberta-se do pecado. No primeiro caso, o homem escolhe o bem e, por conseguinte, a angustia diante do mal; no segundo, ele tenta fugir do bem: combatendo então o pensamento de Deus, ele chega a seu aniquilamento existencial.

 Consequentemente, aqui-assim como no Tratado do desespero e da beatitude - a existência é vista como composição de finito e infinito, mais precisamente como síntese de alma e corpo levada pelo espirito. Na angústia, que procede de um antecipação da posição futura do espirito, aparece a primeira ruptura da imediação se que se possa realmente falar de liberdade - o individuo sente então apenas a "possibilidade de poder".Finalmente - e ai está profundo mistério da angustia -angustiar-se é angustiar-se por nada, apenas por poder fazer: sem ser culpado, o individuo desenvolve já uma compreensão do pecado antes que a angústia diante do pecado produza pecado. Há assim uma relação subjetiva com o pecado de que nenhuma dogmática toma conhecimento .

 Compreende-se então por que Kierkegaard oi o primeiro filósofo  a depreender realmente a essência da angustia- tarefa para qual era predisposto pela educação que recebeu do pai e pela situação espiritual daquela primeira metade do seculo XIX, que levava a convencer-se da existência de uma crise do mundo ocidental. Por muito tempo associada ao medo, a angústia revela-se como categoria existencial fundamental. Vê-se, pois, quanto deve a esse texto a analise heideggeriana da angustia como totalidade efetiva (Stimmung) que nos coloca diante do nada ( Ser e Tempo).

Edição Brasileira: Conceito de Angustia, São Paulo, Hemus, 1968.
Estudo: O.Cauly, Kierkegaard, P.U.F,1991.

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