3 A NOÇÃO DE ABSURDO EM THOMAS NAGEL
“Não poderiam explicar realmente
por que razão a vida é absurda.”
THOMAS NAGEL
Este último capítulo
quer polemizar a questão de Camus,
dizendo que não haveria motivos, suficientes para chamar a vida de Absurda. Mas
de dizer que a vida de um modo geral, é sim desprovida de finalidade, justificativa e por tanto o que Nagel denominda de sem sentido.
No seu artigo
filosófico com a questão sobre o Absurdo, ele diz que nossa vida não é absurda
meramente porque não tem sentido. O leva a Absurdidade é a dupla apreensão (a)
de que a seriedade com que levamos a vida a nossa vida não é justificada e (b)
e de que não podemos para de lavar a sério a nossa vida.
3.1 A QUESTÃO DO
ABSURDO EM THOMAS NAGEL
Contemplando a noção de Absurdo que um filósofo do século XXI que faz
menção e referências a Albert Camus. Torna-se relevante a está pesquisa, pois
alarga o uso do conceito. Trazendo um novo olhar a questão: da vida e suas
incoerências clareza, para com o homem.
Thomas Nagel (1937)
é um filósofo americano, atua como professor da Universidade de Filosofia e
Direito na Universidade de Nova York, onde ele ensina desde 1980. Suas
principais áreas de interesse filosófico são a problemática da mente, política e ética. Ele é bem conhecido por sua crítica de reducionistas da mente em seu ensaio "O que é que gosta de ser um morcego?" (1974), e por
suas contribuições para deontológico[1] e
liberal teoria moral e política em A Possibilidade de Altruísmo (1970)
e os outros escritos posteriores.
Entre suas preocupações como é
natural de se esperar que filósofos devessem ter algo a falar sobre o sentido
da vida, a questão recolocada pelo por este filósofo. Publicado originalmente
como num artigo da revista[2]
de filosofia da universidade de Cambridge.
Nagel argumenta
que nossa vida é-sem sentido, e não absurda-. “Além disso, falar de uma
"vida sem sentido" não se limita a conotar o conceito de um absurdo”.
Poderia ser absurda, porque ela envolve uma falta de critérios razoáveis, para
a posse efetiva de sentido. “É inútil murmurar A vida é destituída de sentido;
a vida é destituída de sentido…» como um acompanhamento de tudo o que fazemos. Ao continuar a viver e a trabalhar e a labutar,
levamo-nos, mas há sério ao agir (NAGEL, apud, BONJOUR, 2010, p.732.).
Mas as situações
do mundo são importantes e relevantes, pela relação que elas estabelecem uma
com as outras, por exemplo, o dinheiro, tem importância por causa daquilo que
ele pode oferecer, mas não tem importância na sua própria realidade.
Embora afirmem
que seus raciocínios são longe de compreensão simples, como em relação, ao
Absurdo de Camus.
Camus
sustenta em O Mito de Sísifo que o absurdo emerge porque o mundo não obedece às
nossas exigências de sentido. Isto sugere que o mundo poderia satisfazer tais
exigências se fosse diferente. Mas agora podemos ver que isto não é assim. Não
parece haver qualquer mundo concebível (que nos contenha) acerca do qual não
possam levantar‐se dúvidas
inapaziguáveis. Consequentemente, o absurdo da nossa situação não deriva de uma
colisão entre as nossas expectativas e o mundo, mas de uma colisão no seio de nós.
(NAGEL, apud, BONJOUR, 2010 p.731).
Este artigo nesta pesquisa
torna-se rico, porque traz o conceito de Absurdo, para compreensão da vida. Com
uma definição distinta dos escritos de Albert Camus, Sendo o último filósofo a
testemunhar a influência do argelino, em sua obra. Será demonstrado o conceito de
Absurdo neste ensaio monográfico.
3.2 O Absurdo Revisitado Em Thomas Nagel.
Um filósofo americano escreve um
artigo[3] com o
título: O Absurdo (The Absurd). O filósofo em questão é Thomas Nagel que no ano
de 1971 para um jornal, da universidade em que leciona, (Universidade Cambridge):
O tema da sua conversação:
(...)as razões avançadas em defesa desta convicção são
patentemente desadequadas: não poderiam explicar realmente por que razão a vida
é absurda. Por que constituem então uma expressão natural da impressão de que o
é? (NAGEL, apud, BONJOUR, 2010 p.727).
Este trecho demonstra
de forma clara a semelhança com a questão de Camus, Albert (o ganhador do
prêmio Nobel de 1957), também coloca no seu livro, Mito de Sísifo, afinal: O Porquê o homem vive?
Pergunta-se por que ele vive. Esse
desconforto diante da inumanidade do próprio homem, essa queda incalculável
ante a imagem do que nós somos essa “náusea” como a denomina um autor dos
nossos dias, é também o absurdo. De igual modo o estranho que em determinados
momentos vem ao nosso encontro num espelho, o irmão familiar e, no entanto
inquietante que reencontramos em nossas próprias fotografias, é ainda o absurdo
(CAMUS, 2010 p.28).
Uma
notável diferença, é que para Camus o absurdo nasce ao homem da inconformidade
com o exterior e interioridade consciente,
o fora e o dentro, o mundo e os pensamentos, os sentidos e os fenômenos. O que
Nagel argumenta é que “Dentro de nós”, que já existem toda uma ruptura com o
mundo.
Referências
à nossa pequenez e a curta duração da vida e ao facto de que toda a humanidade
acabará por desaparecer sem deixar traços são metáforas do passo atrás que nos
permite encararmo‐nos a partir do exterior e achar curiosa e ligeiramente surpreendente a
forma particular das nossas vidas. Simulando um ponto de vista de uma nebulosa,
ilustramos a capacidade para nós vermos sem pressupostos, como ocupantes
arbitrários, idiossincráticos e muitíssimo específicos do mundo, uma forma de
vida entre incontáveis formas de vida possíveis (NAGEL, apud, BONJOUR, 2010 p. 730).
Mas sigamos a perspectiva
de Nagel, no seu artigo escrito em língua inglesa, estruturado em sete tópicos.
Pessoas setem que a vida é absurda, e alguns
sentem vividamente e continuamente. No entanto, as razões geralmente
oferecidas em defesa desta convicção são manifestamente inadequadas: e o
argumento de de que a vida não se pode explicar por que a vida é um absurdo.
(...)dizemos
para exprimir o absurdo de nossas vidas tem a ver muitas vezes com espaço ou
tempo: somos partículas minúsculas na vastidão infinita do universo, nossas
vidas são meros instantes até mesmo em uma escala de tempo geológica, e muito
menos um cósmica, nós estaremos todos mortos a qualquer momento. Mas é claro
que nenhum desses fatos podem ser evidente o que faz a vida absurda, se é
absurdo (NAGEL, apud, BONJOUR , 2010 p.728).
Nagel está
sugerindo que o argumento a favor da absurdidade da vida falha sem nenhuma
justificação, pois nada do que fazemos agora terá importância em um milhão de
anos, ou seja, que faz a vida ser absurda se for mesma, absurda.
O filósofo americano afirma que uma situação é absurda “quando inclui
uma discrepância óbvia entre a pretensão ou aspiração e a realidade” (NAGEL, apud, BONJOUR, 2010 p.729). A impressão de que a vida como um
todo é absurda emerge quando nos damos conta, que de um modo indeterminados,
uma pretensão ou aspiração ideias, o que é inseparável da continuação da vida
humana, é que torna o seu absurdo inevitável.
As
vidas de muitas pessoas são absurdas, temporária ou permanentemente, por razões
comuns que têm a ver com as suas ambições, circunstâncias e relações pessoais.
Se há uma acepção filosófica de absurdo, contudo, tem de emergir da percepção
de algo universal — qualquer aspecto no qual a pretensão e a realidade
inevitavelmente colidam, seja qual for à pessoa (NAGEL, apud, BONJOUR, 2010 p.729).
Mas o que caracteriza, o absurdo é a atitude humana que é o fato
de muitas vezes, darmos muita importância, para alguma realidade, em descredito
de outras, esta escolha. É o que Nagel define como- Seriedade- diante da vida e-Irrefutabilidade da Dúvida-. “Levamos algumas coisas mais, a sério do que a outras (NAGEL, apud, BONJOUR, 2010 p.729)”.
O que um filósofo quer dizer quando afirma que a vida humana
é absurda? Na bibliografia sobre o sentido da vida, dizer que a vida humana é
absurda freqüentemente equivale a dizer que a vida humana não tem sentido
objetivo. E dizer que a vida humana não tem sentido objetivo, por sua vez,
significa dizer que a vida humana não tem valor ou não vale a pena ser vivida.
Está seriedade é
colocada no sentido da problemática: afinal: qual é o compromisso que tenho
comigo?Com a Minha história? Coma a Minha situação na terra? Diz Nagel “A vida
humana é plena de esforço, planos, cálculos, sucesso e fracasso: conduzimos as
nossas vidas, com diferentes graus de indolência e energia” (NAGEL, apud,
BONJOUR, 2010 p.730).
A intensidade com que cada ser humano pode atribuir
importância à sua sobrevivência, vida sexual ou meio social pode variar, mas
todo o ser humano, sem distinção, faz atribuições de valor e encara tais
atribuições com seriedade. Esta é a nossa avaliação subjetiva ou o nosso ponto
de vista “do interior” da vida defende Nagel.
Aqui a dimensão
do absurdo, fica latente, por que a vida é feita para se agir, mas de maneira geral, o ser humano comporta-se de maneira prudente, mede risco, examina
situação. Nagel denomina como o “Passo para
Trás” é a possiblidade humana de avaliar as Justificativas, das ações,
tanto nos casos particulares como na esfera sociais históricas.
O
passo atrás crucial não é dado exigindo mais uma justificação na cadeia de
justificações, que não existe. As objecções a esta linha de ataque foram já
formuladas; as justificações chegam ao fim. Mas é precisamente isto que
alimenta a dúvida universal. Damos um passo atrás e descobrimos que todo o
sistema de justificação e crítica, que controla as nossas escolhas e sustenta o
nosso direito à racionalidade, se apoia em respostas e hábitos que nunca pomos
em questão, que não sabemos como defender sem circularidade, e aos quais
continuaremos a dar a nossa adesão mesmo depois de serem postos em questão (NAGEL,
apud, BONJOUR, 2010 p.730).
O que parece conferir sentido ou justificação ou tornar significativo é
em virtude do facto de não precisarmos de mais razões a partir, de certo ponto,
para tomar uma decisão. O que torna a dúvida
inevitável, com respeito a qualquer propósito mais vasto que encoraje a
impressão de que a vida é significativa. Uma vez iniciada a dúvida fundamental,
não pode ser abandonada.
Mas Nagel afirma que o ser humano ao ter a capacidade de autocritica,
autoconsciência marca a indelével diferença, entre os demais animais e mundo
dos fenômenos.
Por
que não é absurda a vida de um rato? A órbita da Lua também não é absurda, mas
não envolve quaisquer labutas ou objetivos. Um rato, contudo, tem de labutar
para viver. Contudo, não é absurdo porque não tem as capacidades de
autoconsciência e autotranscedência que lhe permitiriam ver que é apenas um
rato. Se isso acontecesse, a sua vida tornar‐se‐ia absurda,
dado que a autoconsciência não o faria deixar de ser um rato e não lhe
permitiria elevar‐se acima das suas
labutas de rato. Trazendo a sua nova autoconsciência, teria de retomar a sua
vida árida, mas frenética, cheio de dúvidas a que não conseguiria responder,
mas também cheio de propósitos que seria incapaz de abandonar (NAGEL, apud,
BONJOUR, 2010 p.733)
O camundongo teria agora dúvidas graves, se pudesse tomar
autoconsciência sobre aqueles propósitos que ele não pode abandonar? Antes que
ele tivesse aquelas dúvidas, a vida dela, sobre seu ponto de vista, não era
absurda, mas uma vez que tenha suas dúvidas, sua vida torna-se absurda, dado
que ele não pode evitar, apenas disso, ele busca
seriamente seus propósitos, que são vitais.
A sutil diferença entre humano e animais, explica Nagel seria o um campo
transcendental, que apenas o homem está envolvido, a sua faculdade de sobrevoar
sua existência, e de intuir a transcendência. O ser humano para Nagel não pode
evitar a autoconsciência, atingi-a ou há esquece, nenhuma pode ser alcançada
pela vontade.
Para travar a questão da absurdidade, diz Nagel que é possível através
da possibilidade religiosa. E se alguém for bem sucedia em tal empreitada de esvaziamento de mundo e a renúncia total de seu ser no mundo, terá depois desta purificação mental, tornar a
consciência a uma vida mundana, portanto que é encarar de forma muita árdua o
mundo cotidiano.
(...)
para tentar destruir a outra componente do absurdo — abandonando a nossa vida
humana, terrena e individual para nos identificarmos tão completamente quanto
possível com o ponto de vista a partir do qual a vida humana parece arbitrária
e trivial. (Este parece o ideal de certas religiões orientais.) Se formos bem‐sucedidos, não teremos de carregar a consciência superior ao longo de
uma vida mundana árdua, e o absurdo diminuirá. Contudo, na medida em que este
auto‐estiolamento resulta de esforço, força de vontade, ascetismo e assim por
diante, exige que nos levemos a sério como indivíduos (NAGEL, apud,
BONJOUR, 2010 p.732).
Mas como evitar, a saída extrema de levar a vida tão a sério, torna-se a
o homem, levaria ele para um ato definhamento, levar a saída para o suicido é o
que Camus propõe também, mas Nagel que evitar a Absurdidade.
Isto
parece‐me romântico e
levemente lamuriento. O nosso absurdo não justifica tanta aflição nem tanto
despique. Correndo o risco de cair no romantismo por outra via, eu argumentaria
que o absurdo é uma das nossas coisas mais humanas: uma manifestação das nossas
características mais avançadas e interessantes. Como o cepticismo na
epistemologia, só é possível porque temos um certo tipo de perspicácia — a
capacidade para nos transcendermos em pensamento(NAGEL, apud,
BONJOUR, 2010 p.733)
Nagel para deixar a questão suave, disserta no final deste
artigo, sobra à lição de aprender de nossa própria situação, que é limitada,
esta questão uma postura branda, que deve resultar no ser humano nem um demasiado
desespero ou heroísmo e, mas com uma medida de ironia, de que afinal temos
consciência de nossa uma
incapacidade para ver a irrelevância cósmica da situação em que estamos inseridos.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Este
estudo monográfico preocupou-se em apresentar a argumentação de
dois filósofos Albert Camus e
Thomas Nagel , sobre a questão: Teria a
vida sentido ao homem?
Os dois filósofos contribuem para uma postura de combate
contra o sem sentido, Camus articula um pensamento que o homem aceite o absurdo e lute para não caiar na
postura do extremo niilismo, negação absoluta da vida. Já Nagel aposta que a
vida é sem sendio, explica ele que o homem não tem critérios para chamar de
absurda a vida.
A
estrutura desta monográfica apresenta uma construção dialética do problema de
pesquisa: A vida tem sentido ao homem? Albert Camus defende a tese de que a
vida para o home não tem sentido, Thomas Nagel contra-argumenta que o homem não
deve chamar a vida de Absurda. Não ficou claro o ponto de Nagel neste estudo,
sobre a questão do sentido da vida.
Este
trabalho fica incompleto no sentido de não oferecer uma solução para o problema
do não sentido da vida do homem, mas anuncia e faz uma síntese conceitual de
dois pensadores, que se opõem, nas suas considerações sobre o que devemos
chamar de Absurdo na vida.
No primeiro capitulo o existencialismo foi a
tendência filosófico adotada para responder a questão deste estudo: O sentido
da vida para o homem. Neste estudo limitou-se contextualizar a problemática do
movimento existencialista e o conceito e historia do absurdo. Não discutindo o
mérito da obra de Camus ser ou não existencialistas.
No
segundo capitulo detalha a estratégia argumentativa de Albert Camus, para esclarecer o conceito
de absurdo que o homem pode experimentar
diante da vida, na tese defendida no seu livro o Mito de Sísifo. Este estudo elucida: a antropologia, a mitologia, o romance. Temas que suportam a dimensão da construção filosófica e literária de Camus. Mas optou-se em explicar o conceito de absurdo dando preferência ao
livro O Mito de Sísifo.
Concluindo com o terceiro capítulo com a antítese de Thomas Nagel, em relação à tese de Albert Camus, de
que o homem deve aceitar o absurdo na vida. O que Nagel aponta é o homem poder
apenas chamar a vida sem justificativa, mas não deixar de agir, por ela ser sem sentido.
Os desdobramentos possíveis desta pesquisa é de assuntos, e conceitos que na história da filosofia,
tornaram-se insolúvel ao homem, como suicídio, liberdade, vida, sentido, morte,
tempo e até mesmo sua real essência do que é ser humano.
[1] Estatuto ou
tratado dos deveres ou das regras de natureza ética. Segundo dicionário de
filosofia ABBAGNANO.
[3] Referência utilizada para este capítulo;
Publicado originalmente em Journal of Philosophy, ed. 68 (1971), pp. 716–727 e
reimpresso no livro Mortal Questions (Cambridge: Cambridge University Press,
1979), pp. 11–23. O texto que foi utilizado nesta parta da pesquisa, é o artigo
que no Brasil, foi publicado no livro Bonjour, Laurence & Baker, Ann. Filosofia, textos fundamentais comentados.
Artmed, 2010; Além de comter o artigo de Thomas Nagel, este livro faz
aponatemtnos e convida o leitor a reflexões, sobre o tema da falta de
justificação, de sentido para a vida.
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