Dicionário de Obras Filosóficas
de Denis Huisman
Edição/reimpressão:2000
Páginas: 610
Editor: Martins Fontes
ISBN: 9788533612518
Idioma: Português do Brasil
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Kierkegaard,Søren Aabye ,Filosofo dinamarquês ,1813-1855.
Alternativa(A), Enten-eller,1843. p.9-10
Kierkegaard,Søren Aabye ,Filósofo dinamarquês ,1813-1855.
Às vezes traduzido por OU...Ou, A alternativa é um titulo menos literal porém mais explicito.Trata-se de um obra volumosa publica em 1843 em Copenhague.
O que mais impressiona o leitor logo de saída é a estrutura da obra. Kierkegaard a assina com o nome de Victor Eremita,subtraindo-se assim qualquer responsabilidade pessoal. Na realidade, nela Kierkegaard recorre a vários pseudônimos sobre os quais seus comentadores não deixaram de interrogar-se. Onze capítulos compõem essa obra divida em duas partes.Mas o autor da segunda parte não é Victor Eremita nem kierkegaard. Eremita só faz publicar o texto. Essa obra deve , portanto, ser lida sabendo-se que Kierkegaard procurou voluntariamente confundir as pistas e dissimular-se em razão dos acontecimentos difíceis e dolorosos que acabava de viver: a ruptura do noivado com Regine Olsen dois anos antes (1841).Por essa razão, vários capítulos são dirigidos de modo direto porém sutil à ex-noiva. É compreensível que essa vontade ambígua de mascara-se, querendo ser ouvido, tenha levado Kierkegaard a construir sua obra de um modo tão estranho. Não é possivel abordá-la sem advertir sua estrutura.
A primeira parte trata de estética. Começa com "Diapsalmata".Constituídos em grande parte por notas extraias do diário de Kierkegaard, os "Diaspsalmata" apresenta-se coo uma série de aforismos. Não há duvida de que o desespero que deles emana é o de Kierkegaard durante a juventude . Alguns desses aforismos contêm rara beleza , mas não passam de intermezzi (diapsalmata em grego).
O primeiro grande capitulo, "etapas eróticas espontâneas ou Erotismo musical", dá inicio realmente à obra. Em sua análise da ópera Don Giovanni de Mozart, Kierkegaard atua como esteta , mas de uma maneira original. Isto porque ele não sistematiza seu juízo estético, e não são categorias o que ele extrai da ópera. O que ele percebe, o que depreende de Don Giovanni, é sua genialidade sensual. A música exprime a espontaneidade do desejo sensual. Manifesta a essência do estetismo puro , o gozo cerebral, a exaltação da posse. a sedução inelutável da feminilidade.
Kierkegaard não é homem de construir uma teoria, e por isso percebe que o único meio de apreender a profundidade da sensualidade emanada de Don Giovanni é ouvir sem parar . "Ouçam , ouçam o Dom Giovanni de Mozart!" E por que Don Giovanni exprime a musicalidade absoluta? Porque a musicalidade é fuga desvairada, esvaecimento permanente, desejo. A harmonia , os sons manifestam em si mesmos e por si mesmos o gozo puro, ou seja, não o gozo de um objeto em sua relação com a feminilidade. Atmosfera de festa, delírios sensuais e cerebrais, tal é a musicabilidade de Don Giovanni, sua genialidade sensual.
A esse respeito, o capitulo mais revelador é o "diário do sedutor". Mais ai o sedutor não é um sensual, pelo menos não essencialmente. Seu gozo é fundamentalmente cerebral. Goza com o fascínio da jovem, excita-se com a admiração que ela tem por ele, embriaga-se com seu olhar inocente e, em suma, com sua perdição.
Alguns comentadores afirmaram que esse capitulo tinha o objetivo de denegrir kierkegaard perante a ex-noiva, para que ela não lamentasse e acabasse por felicitar-se pela ruptura. Em conclusão, fica claro que tanto Don Juan quanto o sedutor escapam à determinação de bem e de mal, à ética.
Kierkegaard compôs , portanto, a segunda parte da obra como uma critica da primeira, critica redigida sob o pseudônimo de Wilhem. Nela, à instabilidade dos prazeres ele opõem a preocupação com os deveres socais e conjugais. O casamento é a realização do geral, ou seja, o cumprimento da obrigação cívica , social, e religiosa por meio dos laços do matrimonio (o que significa de algum modo "estabelecer-se").essa nova opção é ética:situa-se no cerne da alternativa bem e mal, e disso não poderia fugir, como fazem Don Juan ou o sedutor . Endente-se então o titulo da obra : Alternativa, que consideramos melhor que Ou...ou... . Todo homem deve optar entre essas das atitudes , que são a ética e a estética.
Ou fundamenta, a vida na fugacidade do instante, ou a constrói no seio da comunidade humana, sobretudo no casamento, o que significa fundá-la no tempo, por oposição à evanescência no instante.
Essa primeira obra de kierkegaard foi muito bem acolhida pela critica e pelo público. Mas não pode ser considerada sua obras mais importante.Todavia, é fundamental para inteligibilidade de sua obra futura.
Estudo: J. Wahl, Études kierkegaardiennes, Vrin, 1974.
O primeiro grande capitulo, "etapas eróticas espontâneas ou Erotismo musical", dá inicio realmente à obra. Em sua análise da ópera Don Giovanni de Mozart, Kierkegaard atua como esteta , mas de uma maneira original. Isto porque ele não sistematiza seu juízo estético, e não são categorias o que ele extrai da ópera. O que ele percebe, o que depreende de Don Giovanni, é sua genialidade sensual. A música exprime a espontaneidade do desejo sensual. Manifesta a essência do estetismo puro , o gozo cerebral, a exaltação da posse. a sedução inelutável da feminilidade.
Kierkegaard não é homem de construir uma teoria, e por isso percebe que o único meio de apreender a profundidade da sensualidade emanada de Don Giovanni é ouvir sem parar . "Ouçam , ouçam o Dom Giovanni de Mozart!" E por que Don Giovanni exprime a musicalidade absoluta? Porque a musicalidade é fuga desvairada, esvaecimento permanente, desejo. A harmonia , os sons manifestam em si mesmos e por si mesmos o gozo puro, ou seja, não o gozo de um objeto em sua relação com a feminilidade. Atmosfera de festa, delírios sensuais e cerebrais, tal é a musicabilidade de Don Giovanni, sua genialidade sensual.
A esse respeito, o capitulo mais revelador é o "diário do sedutor". Mais ai o sedutor não é um sensual, pelo menos não essencialmente. Seu gozo é fundamentalmente cerebral. Goza com o fascínio da jovem, excita-se com a admiração que ela tem por ele, embriaga-se com seu olhar inocente e, em suma, com sua perdição.
Alguns comentadores afirmaram que esse capitulo tinha o objetivo de denegrir kierkegaard perante a ex-noiva, para que ela não lamentasse e acabasse por felicitar-se pela ruptura. Em conclusão, fica claro que tanto Don Juan quanto o sedutor escapam à determinação de bem e de mal, à ética.
Kierkegaard compôs , portanto, a segunda parte da obra como uma critica da primeira, critica redigida sob o pseudônimo de Wilhem. Nela, à instabilidade dos prazeres ele opõem a preocupação com os deveres socais e conjugais. O casamento é a realização do geral, ou seja, o cumprimento da obrigação cívica , social, e religiosa por meio dos laços do matrimonio (o que significa de algum modo "estabelecer-se").essa nova opção é ética:situa-se no cerne da alternativa bem e mal, e disso não poderia fugir, como fazem Don Juan ou o sedutor . Endente-se então o titulo da obra : Alternativa, que consideramos melhor que Ou...ou... . Todo homem deve optar entre essas das atitudes , que são a ética e a estética.
Ou fundamenta, a vida na fugacidade do instante, ou a constrói no seio da comunidade humana, sobretudo no casamento, o que significa fundá-la no tempo, por oposição à evanescência no instante.
Essa primeira obra de kierkegaard foi muito bem acolhida pela critica e pelo público. Mas não pode ser considerada sua obras mais importante.Todavia, é fundamental para inteligibilidade de sua obra futura.
Estudo: J. Wahl, Études kierkegaardiennes, Vrin, 1974.
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