KATY GRISSAULT, Joao Batista Kreuch .50 autores -chaves de filosofia ...e
seus textos incontornáveis .Petrópolis RJ:Vozes,2012. p:288
"Este livro procura ser um guia para a produção filosófica, visando se destinar a quem desejam adquirir um conhecimento fundamental, relembrar o que aprenderam, consultar informações ou, ainda, adquirir uma base mínima da cultura filosófica".
35 -Kierkegaard (1813-1855) p: 205-208.
Kierkegaard (1813-1855)
“Trata-se de encontrar uma verdade que seja para mim, e encontrar a
ideia pela qual eu queria viver e morrer” (Jornal).
Uma estranha educação:
Søren Aabye Kierkegaard nasceu em
Copenhague. Seu pai, profundamente protestante, tem certeza de dever ser punido
por seus pecados pela desgraça de seus filhos. Kierkegaard tem o sentimento de
éter nascido sob o sinal da culpa e destinado a um futuro sombrio. Sua infância
ocupa uma função essencial à constituição de sua filosofia existencial.
Da perversão a Angústia:
A vida de Kierkegaard, trágica é permeada de
fracassos: após um período de excessiva perversão, ele abandona o caminho da
perdição em prol de uma vida mais regrada, porem atormentado pela angustia
noivo ele renuncia ao casamento com sua prometida; após os estudos de teologia,
abandona seu primeiro projeto, torna-se pastor.
Publica inúmeras obras, muitas
vezes utilizando-se de pseudônimos cada um deles revelando uma faceta diferente
da verdade e da subjetividade: O Conceito de Angústia (1844), Migalhas filosóficas
(1844) O Desespero Humano (1850). Ele conhece a celebridade , mas de vê igualmente
no coração de virulentas polemicas.Adversário do cristianismo dos “Padres
funcionários”, critica com veemência a igreja
oficial em sua obra, “A escola do Cristianismo”(1850).
Teses essências:
Oposto ao Hegelianismo dominante
em sua época e ao espírito sistêmico, Kierkegaard é o pensador da existência e
da subjetividade. Precursor do existencialismo do século XX, ele exerce enorme
influência sobre pensadores como Gabriel Marcel, Karl Jaspers, Heidegger, ou
ainda Sartre.
A subjetividade é a verdade:
Contra o ideal hegeliano de um
saber objetivo e abstrato sistematizado, Kierkegaard afirma a primazia da
existência individual. A “subjetividade é a verdade”: não pode haver um sistema
da existência, pois a existência é a vivencia humana concreta e subjetiva,
verdadeira manação do sujeito que não pode ser contido em um sistema fechado. “Existir
significa, antes de tudo ser um individuo” (post-scriptum às migalhas Filosóficas).
Quer dizer, um ser único, singular, livre, que não pode ser pensado, uma vez
todo pensamento apenas apreende o geral. Contraditória e ambígua, a vida não
pode ser reduzida ao conceito que pretende explica-la.
Contrariamente ao que afirma
Hegel, o individuo que não recebe sua significação da história universal. Não
se pode falar da vida em geral, porque o que está dado, o que existe, é sempre uma
existência particular: minha existência, que eu devo compreender e à qual devo,
eu próprio, dar sentido. O individuo subjetivo é a origem de sua própria,
verdade essa produzida por sua ação. Não há nenhuma essência dada de forma antecipada
ao individuo. Ele mesmo deve construí-la. Enquanto existente que se desenvolve
livremente no mundo, ele se encontra diante de uma infinidade de escolhas, perante
a contingência que se deve assumir na angústia.
A verdade, múltipla e mutante, é
relativa ao vinculo que une o individuo só seu criador, ele mesmo sendo visto
em sua individualidade. Subjetividade, a verdade é também relativa: ”A consciência
cria a verdade a partir de si”. A existência pode ser vivida de diversas maneiras.
O individuo deve se empenhar pessoalmente, deve escolher sua maneira de viver
para descobrir sua verdade.
Os três estágios da vida:
Três estágio balizam as etapas da
existência.
O estágio estético designa a vida no instante,
a busca de satisfação no imediatismo das sensações isenta de qualquer
preocupação moral. Este estágio é encarnado especialmente pela personagem de Dom Juan. Kierkegaard denuncia a vaidade
de tal vida que se reduz ao prazer imediato.
O estágio Ético é o da vida
organizada e séria do cidadão responsável, que respeita a sociedade e as leis,
e se preocupa com as exigências morais. A figura de Sócrates exprime a mas alta
realização desse estágio.O Ético, que pensa no geral é, no entendo, fechado em
ideias totalmente fabricadas que lhe impedem caminhar rumo à verdade
subjetividade e autentica.ele esquece
sua individualidade.=
Enfim, o “estágio religioso” é o
estágio supremo da existência autentica durante o qual o sujeito é chamado a
descobrir sua verdade no âmago da verdadeira religiosidade. Esta não designa a
conformidade com a religião socialmente estabelecida , que Kierkegaard fustiga
como hipocrisia ,fonte de um otimismo vulgar e de uma existência inautêntica
que submete a fé a razão .A
religiosidade reside antes no vinculo único a seu criador, a fé irracional em
um Deus que se fez homem.Abraão exprime essa existência religiosa quando aceita
,contra toda razão e para alem de toda
moral estabelecida de ,sacrificar seu filho Isaac.
A subjetividade religiosa é feita
de uma angustia dilacerante, mas formadora, porque ela desvela o valor da
unicidade. O individuo se descobre nela antes de tudo como um pecador, uma
subjetividade livre e, contudo, que só pode sê-lo negando Deus, pois a
afirmação de si mesmo enquanto ser finito acarreta e algum modo à negação da
infinidade Divina.
A fé irredutível à razão:
A pessoa religiosa é antes de
tudo, um ser apaixonado, pois é na paixão que se afirma a individualidade. O
real não é racional, contrariamente ao que afirma Hegel, A fé não pode ser conceitualizada,
pois ela é paixão individual e singular. Dessa forma, tudo foge as exigências
da razão. A verdade é um ato de liberdade em si, não um ato resultante de uma
escolha refletida, mas ato de conversão, de um salto no escuro para dentro do desconhecido:
”a liberdade consiste precisamente nesse ato de audácia que opta pela incerteza
objetiva com a paixão do infinito”. Não se pode ter certeza objetiva da existência
de Deus; por isso, é a fé, verdadeira escolha, que se acompanha sempre da
duvida que instaura a razão.Por isso mesmo ela é apaixonada.
KATY
GRISSAULT, JOAO
BATISTA KREUCH. 50 autores -chaves
de filosofia ...e seus textos incontornáveis .Petrópolis RJ:Vozes,2012. p: 288
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