sábado, 23 de abril de 2016

Migalhas Filosóficas,ou um pouco de filosofia, Philosophiske Smuler eller Em Smule Philosophi,1844.

Dicionário de Obras Filosóficas

de Denis Huisman
Edição/reimpressão:2000
Páginas: 610
Editor: Martins Fontes
ISBN: 9788533612518
Idioma: Português do Brasil
___________________
Kierkegaard,Søren Aabye ,Filosofo dinamarquês ,1813-1855.

Migalhas Filosóficas,ou um pouco de filosofia, Philosophiske Smuler eller Em Smule Philosophi,1844.   p. 374


Considerada pelo próprio Kierkegaard como uma brochura  e publicada sob pseudônimo  Johannes Climacus, essa obra relativamente dificil só foi de fato esclarecida e arrematada por Post-scriptum definitivo e não cientifico às migalhas filosóficas(1846).

  Essa obra aborda o problema da comunicação, tema essencial do pensamento de Kierkergaardiano. A comunicação direta transmite o saber. A comunicação indireta dirige-se ao contrário, à subjetividade profunda, à interioridade, e sua tarefa é despertar o individuo a consciência do existencial, do eterno e do dever.
   Esse ultimo tipo de comunicação está exonerado de qualquer transmissão de saber , em razão do caráter intransmissível do "objeto" que ele comunica: não seria possível comunicar ao homem o interesse de sua existência e de sua interioridade . A comunicação indireta deve suscitar questões essenciais para desenrolar da vida. Traz  tona dificuldades sempre que o saber preciso  e conciliador demais age como sedativo . É por isso essa comunicação inquieta, remetendo o sujeito à consciência aguda de sua situação no mundo e em face de Deus.
  O adversário filosófico de Kierkegaard aqui é Hegel, que, considerando o homem como simples instrumento pelo qual a Ideia lógica (Deus) se realiza na Natureza, elimina desse modo seu caráter pessoal e subjetivo. Hegel afirma a conciliação dos contrários; kierkegaard insiste em sua ruptura  radical.
  A outra figura central da obra é Sócrates. Diante do sistema hegeliano , que explica tudo e defende a tese do saber absoluto, Sócrates é o individuo que, através de perguntas temíveis e de sua ironia implacável, abre uma brecha no edifício especulativo de Hegel. Sócrates privilegia a relação pessoal. Intriga e desorienta. É o praticante , por excelência da comunicação indireta. 
  Kierkegaard aborda por fim a figura de Cristo, que constitui o paradoxo: como o eterno pode revelar-se ao homem no tempo? Kierkegaard  vê nisso um dos conflitos mais profundos entre cristianismo e razão humana.

Estudos:L. Chestov, Kierkegaad et la philosophie existentielle, Vrin, 1972.

Nenhum comentário:

Postar um comentário