sexta-feira, 29 de abril de 2016

Kierkegaard - História da Filosofia - François Châtelet -Wanda Bannour.


Histoire de la philosophie, idées, doctrines Volume 5 La philosophie et l'histoire : de 1780 à 1880
Responsable(s) : sous la direction de François Châtelet

Hachette Littératures , Paris collection Pluriel , numéro 978 , collection Histoire de la philosophie, idées, doctrines , numéro 5 , (août 2000)Poche.

Résumé:Propose une vulgarisation des idées philosophiques en évitant toute exhaustivité et finalité. Avec une bibliographie complémentaire actualisée depuis l'édition originale de 1972. ©Electre 2016Fonte:http://www.laprocure.com/histoire-philosophie-idees-doctrines/9782012790056.html

"François Châtelet (Boulogne-Billancourt , 27 de abril de 1925 - Paris , 26 de dezembro de 1985) foi um historiador da Filosofia,filósofo político e professor francês. Considerado como um filósofo aberto ao seu tempo, Châtelet se insere na grande tradição de Sócrates, de quem traça um retrato fascinante em seu livro Platon."
Wanda Bannour filósofa. De origem russa, ela publicou sua tese sobre Russian niilistas (Anthropos, 1979) e por vinte anos tem escrito numerosos biografias: Eugenie de Guerin ou uma castidade ardente (Albin Michel, 1982), Edmond e Jules de Goncourt ou o gênio andrógina (Persona, 1984), o estranho Baronesa Von MEKK (Perrin, 1988), Meyerhold, um showman brilhante (La Difference, 1996).

Referência do livro em português: CHÂTELET, François. História da filosofia: ideias, doutrinas.A Filosofia e a História(1789-1880).  Rio de Janeiro: Zahar, 1973-1983. 5 v.
     Neste livro organizado por François Châtelet, sobre a história da filosofia em 8 volumes, no livro 5  capitulo IX  tem  um artigo sobre Kierkegaard, escrito por Wanda Bannour: páginas 257-265.

Kierkegaard

"O que falta à nossa época não é reflexão, mas a paixão"


 Kierkegaard propõe-se ser, no século dos sistemas, o pensador da subjetividade apaixonada.Ao proclamar que "um grande saber não é um bem absoluto", Kierkegaard rompe não somente com Hegel,não somente com o sistema filosófico, mas com o próprio projeto da filosofia. Recusa ao mesmo tempo o "Que posso fazer saber?" e o "Que devo fazer?" de Kant. Recusa até mesmo o "Que posso esperar?".  A fé não é um problema  filosoficamente situável. Apenas o vir-a-ser cristão interessa a Kierkegaard , ele situa-o no centro de sua vida e sua obra.
 Recusa para si próprio o qualificativo de filósofo:"o presente autor não é de modo algum filósofo".
Kierkegaard não busca a verdade, mas um centro de gravidade para sua vida.
Indiferente à historia , à comunidade politica, aos homens, kierkegaard haure sua alegria  nas ideias, na paixão voluptuosa do pensamento e no ato de escrever.
 Para nós, o problema central de kierkegaard não é, não importa o que se possa pensar, o de kierkegaard: o Indivíduo, a Fé, Deus. Pelo menos, se o é, não nos sentimos afetados. Pois, o que podemos esperar de um discurso é precisamente o que kierkegaard nos recusa: uma certeza que ele julga impossível.
 O problema de kierkegaard suscetível de interessar em nós, não o indivíduo, mas o filósofo, é o do pensamento e da linguagem naquele que recusa, em nome da verdade subjetiva, um e outro.
Pois, como escrever , quando se é indivíduo , com palavras e ideias que pertencem a todos? como dar a entender a outrem a modulação única  da subjetividade secreta, sem  se condenar de antemão a permanecer incompreendido? Como desvelar a verdade , que  não pode ser senão subjetiva, por intermédio da objetividade enganosa e mentirosa? Arriscar-se, como Individuo, a ser capturado por esse mostro sem semblante, a multidão?
 É, contudo, a essa tarefa impossível que se atrela kierkegaard com doravante paixão.Enigmática  paixão em quem, como Kierkegaard, estima que a vida, desde que ela se pense e se fale, é ameaçada pleo fanado e pelo petrificado! Curioso projeto o de escrever, nesse admirador dos vivos silenciosos - Sócrates e Cristo - e que começa por proclamar a impossibilidade de escrever!
 Duplamente curiosos e paradoxais somos nós desde que nos proponhamos, como agora, escrever sobre aquele que contestou a escritura, pensar sobre aquele que contestou o pensamento. Eco, sósia do sósia (kierkegaard sendo o seu próprio eco e o seu próprio sósia ( kierkegaard sendo o próprio eco e o seu próprio sósia), jogo de espelho tal como o de Nymphenburg , residência do príncipe louco Luiz de Baviera, que reflete ao infinito o refletido. segunda carapaça de gelo, a primeira gelado, no kierkegaard, a flor  do coração.  Generalidade segunda murchado a primeira murchidão da generalidade da linguagem Kierkegaardiana.Deterioração da intimidade subjetiva de kierkegaard, defloração de seu segredo, volatização do aroma da ideia, redundância e esterilidade, escandalosa e vã provocação: assim é necessariamente toda palavra sobre o indivíduo Kierkegaard. 
 Nossa reflexão sobre Kierkegaard é uma reflexão envergonhada e necessariamente errônea. É como tal que honestamente, a apresentamos.Pouparemos ao leitor o páthos que habitualmente acompanha toda referência biografia a kierkegaard: não falaremos aqui nem dos problemas ligados ao pai de Søren Kierkegaard, que nas charnecas geladas da Jutlândia cedera à tentação de amaldiçoar a Deus, enfiando assim em sua carne o espinho do pecado.
 Temos bastante confiança na cultura analítica do leitor para evitar até mesmo a alusão à "morte do pai". Não derramaremos lágrimas sobre o noivado rompido com Regina Olsen. Passaremos em silêncio a inqualificável feiura do autor, o apego suspeito ao seu guarda-chuva, o amor à sua coleção de chávenas. Tudo isso foi a tal ponto repisado que a tentação é antes a do pastiche do que a da repetição.
 E já que precisamos falar do pensamento de Kierkegaard, cuidaremos de não imitá-lo e de não cair na prolixidade que ele deplorava nos seus contemporâneos, à qual porém não pôde escapar.

Romantismo, Religião, Neurose


 Embora soberanamente indiferente à história, á cidade aos homens que a habitam, kierkegaard é um filho da sua época. Do romântico tem todas as características, senão todos os estigmas: a insondável  melancolia, o desespero que se exala no canto, o nevermore, a nostalgia.
 Todas essas vivência exprimindo-se numa linguagem singularmente dúctil e poética. Anti-hegeliano feroz, kierkegaard é, sem embargo, hegeliano em seu gosto pela elucidação categorial e na extrema acuidade da consciência de si. A atração que experimente pelo demoníaco, atração fundamentalmente estética, é a retomada pela inteligência ( a de Kierkegaard é bem desenvolvida) das figuras mefistofélicas bem descritas por Goethe, Byron, Lermontov. Sua fascinação por Don Juan - ele foi mais seduzido que sedutor - é o aspecto musical, mozartiano , de sua intelectualidade voluptuosa. Seu senso do secreto tem tanto de Usher e de Melmoth quanto do interior interiore meo do Eclesiastes.
 Sua religião é tão hostil à dedução racional de uma deus-ideia quanto à instiruição congelada e mentirosa. É um exercício perigoso, ofegante, um trabalho sem rede de proteção onde o abismo estreita o tempo todo o cristão, arrasta-o no vertiginoso prestissimo da 2.ª sonata em Sol maior de Schumann.  Não se pode censurara a kierkegaard que ele e tenha instalado numa religiosidade licorosa e cheia de beatitude ou, à maneira de Kant, que tenha habilmente formalizado o pietismo.
 Kierkegaard não inclui nem a mordedura do pecado, nem o precipício entrevisto da danação eterna nem a visão terrificante do semblante coroado de espinhos.Viveu as mil mortes do crente que vê o seu Deus, morre e renasce. esteve em Morija com Abraão, com ele conheceu a angústia da derrelição absoluta, a solidão até a loucura, mas com ele também, no instante fulgurante, venceu a Deus. Para além do trágico da ética, kierkegaard será o cavaleiro da fé. 
 Romantismos e religião emaranham-se, na noite dos abismos, em pulsões às quais  não procuraremos chegar. Não está em nossas possibilidade, de resto não é absolutamente o nosso projeto. Contentemo-nos com observar que o caso de kierkegaard lança um luz singular sobre a etiologia dessas duas neuroses sublimes, a romântica e a religiosa. Por mais inquietante que seja o conclui de uma sensualidade doente com o sentido do pecado e o fervor poético, saudemos de passagem o prodígio da loucura superada no e pelo ato de escrever.

A filosofia sob Acusação: A DISTRAÇÃO FILOSÓFICA

 Kierkegaard fez o percurso completo do sistema - e do  mais acabado de todos, o sistema hegeliano -  e nele não se encontrou enquanto existente. Em seguida a Heráclito, viu toda movência dissolver-se no conceito:
"como  o movimento, a existência é um comércio muito difícil. se eu a penso, suprimo-a e assim não a penso. Poderia, pois, parecer exato  que há alguma coisa que se recusa ao pensamento : a existência. Mas a dificuldade reaparece: a existência restabelece a conexão do fato de que o sujeito pensante existe"(Post-scriptum).
"Quem diz sistema diz mundo fechado, mas a existência é justamente o contrário".
 A totalidade é a totalidade pensada, abstrata fechada, é a imanência completa. Ora, a existência é vivida, ela é abertura, qualidade, salto, transcendência.
Todo pensamento é do passado, um Hegel é tautologista e só fala o passado, "...mas se a inteligência do passado deve ser a tarefa suprema de um homem ainda em vida, esse positivismo é um ceticismo"(Post-sriptum).
 O pensamento  cerca a vida, faz com que feneça e se petrifique. O sistema instala todas as coisas num contínuo abstrato; ora, a experiência é descontinua, dá saltos.O sistema é diplomata: concilia e reconcilia. A existência é escolha, alternativa, é o "ou bem... ou bem...".
 O sistema é pacificador, dá segurança, a existência é angústia. Ela conhece as crises agudas, as irradiações, o instante pontual e decisivo, os desfiladeiros da angustia, os abismos do desespero.
 A verdadeira dialética não é a dialética objetiva de  Hegel, a racionalidade do conceito operante na história, mas a dialética apaixonada, qualitativa da subjetividade.
 A história não é o elemento do espirito aparecendo no tempo, mas algo de abstrato e de inexistente que o pensador apaixonado ignora, o qual, a todo instante, pode torna-se contemporâneo no pretenso passado.
 Deus não é a Ideia absoluta, mas uma pessoa, Cristo, com quem o indivíduo dialoga e vive. A crença não encontra lugar no sistema como momento do vir-a-ser do Espírito, ela é o ato do pensador solitário. Ela é o risco absoluto, o escândalo, a impossibilidade de certeza. Nela efetua-se a perigosa junção da interioridade e da transcendência.

O Não-Pensável e o Não-Falável. A VIDA

 A vida:"A filosofia é a ama-seca da vida"(Diário) e sobrecarrega-a de peles velhas. O filósofo é um homem em estado de dessecação. O pensamento seca as águas vivas, congela as flores do coração, contamina e perverte a ingenuidade do vivo. Sob o Efeito do pensamento tudo se Fana e se petrifica.
Aporia: o pensamento da vida é o estancamento da vida.
A existência: síntese do eterno e temporal, do infinito e do finito, é radicalmente rebelde ao conceito e ao sistema. O pensamento "...baralha tudo volatizando a existência sem a qual está, de fato, destinado ao fracasso."
Aporia: preciso pensar a existência impensável, sem a qual não há pensamento algum.
O Indivíduo: grão de areia no sistema, deste o momento em que ele se fala, está roubado a si próprio. Sua palavra é um eco doloroso: e todas essas pessoas que dizem a vocês que são como vocês!
Donde o cuidado, no Indivíduo, permanecer o ser escondido, o segredo.
 Esse cuidado de preservar a Individualidade é incontestável de inspiração cristã: Kierkegaard retoma a parábola da ovelha desgarrada e recorda que o cristo distinguia João dos outros apóstolos. Compreendemos então que kierkegaard se asfixie no sistema hegeliano.
 Está no destino do Individuo ser o solitário: donde a atração de kierkegaard por todos os irregulares.O ladrão, salteador (personagem romântico que fascinará igualmente Bakúnin, que faré de Pugatchev o modelo do anarquista), Dom Quixote, o Bufão. O solitário absoluto é o louco. Observemos que se chama "louco do rei" ao bufão, que Dom Quixote faz figura de louco e que a patologia mental tende a fazer do criminoso um alienado.
É o temor da loucura, que  faz com que nos arrojemos no sistema e nos deixemos engolir pela fascinação do total. Ninguém quer ser um existente individual. 
 O Indivíduo consciente das categorias existências, inventoria-as lucidamente por meio do pseudo-anonimato:
"Fiz falar e ouvir a individualidade real na sua ficção que produz, ela mesma, a própria concepção da vida representada"(Post-sriptum).
Aporia: o Indivíduo que fala volatiliza a verdade que só existe no subjetivo.
Verdade: a verdade já indica o caráter não-verdadeiro desta. Só a subjetividade é a verdade; seu elemento é a interioridade. Ela não se exprime em termos de certeza, ela é a incerteza Objetiva, mantida na apropriação da mais apaixonada interioridade, [que] é a verdade, mais alta verdade que possa haver para um existente"(Post-scriptum).
Aporia: o Homem da verdade é o homem da ignorância (Sócrates).
Deus: ele é o Indivíduo por exelência. Assim o experimentou Pascal, assim hão de experimentá-lo os filósofos da existência (Dostoievski, Chestov, Berdiaev).
A fé é a relação privada do Indivíduo com  Cristo. A subjetividade apaixonada do cristão é lugar único da verdade, verdade paradoxal, cristianização do existente e encarnação de Deus, contemporaneidade do pensador religioso com Cristo.
 Deus não é revelado senão nos fulgurante extático do instante, a fé é  o supremo perigo, mas
                                       onde cresce o perigo
                                       cresce também o que salva

                                                        (Hölderlin)

 Aporia: o instante do acesso a Deus é a renúncia do existente que, pelo fato de existir, não encontra a Deus a não ser para perdê-lo.


Tempo e Eternidade. Finito e Infinito


 A primeira tentação é o dom-juanismo a fascinação pelo instante evanescente. O estético é o erótico, o demoníaco, a música. A maldição de Don Juan é a de ser espreitado e capturado pela inteligência. O erótico reflete-se, Don Juan que se pensa não goza mais, Mas, de maneira muito hegeliana, Kierkegaard-Don Juan compreende na reflexão schopenhauriana, a narcose da música, então, como o demônio de Lenau, tornaria o seu violino e paralisaria o momento reflexivo.
  Mas kierkegaard é um Don Juan meditativo e loquaz.Por isso perde o imediato do gozo e aborda a ironia, categoria existencial que, ao mesmo tempo, prepara e supõe a ética, pois para o ironista, a ética tem uma importância absoluta.

 A ironia é a cultura do espirito, ela sucede à imediatidade; depois vem o ético, depois, o humorista e , enfim, o espirito religioso"(Post-scriptum).

 A ética é o repouso do pensamento.É o tempo que tornou continuo, consistente, o homem que se tornou sério, razoável: bom marido, bom pai, bom cidadão.
 Adequação da interioridade e da exterioridade. Segurança da generalidade na qual o Individuo se repousa e onde é reconhecido. A ética é o berço do trágico. O herói trágico está em companhia:às suas lágrimas respondem em eco as almas nobres. O Indivíduo pode escapar à angústia da interioridade solitária, expressando-a em alguma coisa de exterior.
 Mas então, de que serve ao Indivíduo sair da segurança do geral? Há aqui um salto do finito ao Infinito, uma interrupção da Eternidade na temporalidade, o surgimento de uma interioridade descobrindo na subitaneidade que ela é incomensurável à exterioridade. É o movimento para o absoluto, o risco absoluto de Abraão sacrificando o filho.O cavaleiro de fé deve decidir sozinho se está simplesmente em crise ou se é o cavaleiro da fé. Temor e tremor, vertiginosa angústia da liberdade.

Kierkegaard e a Filosofia

Kierkegaard provocou o arrombamento do conceito e da linguagem por um Eu existencial, desvencilhou a subjetividade de pântano da psicologia;ele é, na história da filosofia , um acontecimento a-histórico, um grito solitário e sem precedente.
 Mas esse grito não souber ser apenas um grito: Kierkegaard quis possibilitar o impossível. isto é , transmitir um vivência subjetiva e intransponível segundo as modalidades do pensamento e da linguagem, instrumentos por excelência de transmissibilidade.
 Dai se originaram impasses e aporias, nos quais voluptuosamente se espojou, desejoso de experimentar até o fim a vertigem da impossibilidade e o estilhaçamento do pensamento contra o indizível. Para ser fiel a Kierkegaard , seria preciso dizer que ele só nos transmitiu um erro, toda palavra que visa à objetividade sendo uma traição da verdade, que é subjetividade.
 Esse anti-hegeliano é como já observamos, um hegeliano como seu cuidado de categorizar as atitudes do existente, de promover universais existências. Homem de desejo, como ele próprio confessou, mas de um desejo negado, pervertido, sublimado, existindo-se no frenesi da linguagem onde a imersão no absoluto se desforra num alto voo pela palavra.
 Palavra musical, poética, toda nuança furtivas;volúpia da inteligência onde a tentação da carne se transmite ao espírito transmutando me retórica saltatória a aceleração e desaceleração vertiginosa do organismo.
 Incompreendido pela multidão, dilacerado pela contradição, confundido o ofício de viver e ofício de escrever prolixo ao excesso - ele, que deplora "a prolixidade refletida dos modernos"-: a paixão de escrever consumiu Kierkegaard, mais talvez que a paixão do existente atormentado pelo vir-a-ser cristão.
 Essa desconfiança de Kierkegaard com relação ao conceito e à palavra deixa-nos livres para mostrarmos desconfiados a seu respeito, para introduzir um desconfiança em face dessa desconfiança. E do mesmo modo que Abraão era livre para decidir se era um louco ou um eleito, assim também temos a liberdade de decidir entre um Kierkegaard cavaleiro da fé e um Kierkegaard louco.
 A não ser que, numa descida aos abismos, alcancemos esse grau de incandescência onde as duas opções cessam de ser uma alternativa para se reabsorverem no ponto de fusão onde se aniquila, com a possibilidade de julgar, a possibilidade da própria filosofia.

Bibliografia

Obras: 

Œuvres complètes de Søren Kierkegaard
, Tomes XIII et XVIII. Traduit du danois par Paul-Henri Tisseau et Else-Marie Jacquet-Tisseau. Introduction de Jean Brun. Editions de l'Orante, Paris, 1966.

Estudos:

GRIMAULT, Marguerite. Kierkegaard: par lui-même. Paris: Seuil, 1962. 191.

Johannes HOHLENBERG, S
øren Kierkegaard, Traduit du danois par P.-H. Tisseau,Paris, Editions Albin Michel,. (1956), pp. 379.

Pierre Mesnard, Le vrai visage de Kierkegaard, Beauchesne, Paris, 1948.

WAHL Jean : Etudes Kierkegaardiennes. Ed. Lib. Vrin. 1949. Ft. In 8 br. 644pp. papier légèrement jauni.

terça-feira, 26 de abril de 2016

Setor de Ciências Humanas da UFPR desenvolve ação inédita de recuperação de acervo de obras raras

Iniciativa inédita da Direção e da Biblioteca do Setor de Ciências Humanas vai possibilitar a higienização, catalogação e recuperação para uso de pesquisadores de aproximadamente 15 mil obras raras do acervo da UFPR. Nesta quinta-feira (dia 16), às 9h, o reitor ZakiAkel Sobrinho visitará o acervo, ao lado do diretor do setor, Eduardo Barra, para conhecer o trabalho de recuperação.
Formado por livros e periódicos de elevado valor histórico e científico, o acervo começou a ser montado há cerca de 30 anos. Mas ganhou reforço com obras pertencentes ao escritor e filósofo paranaense Ernani Reichmann (um dos maiores e mais importantes acervos do filósofo dinamarquês Sören Kierkegaard no Brasil), Erasmo Pilotto e outros livros raros.
Nele, estão reunidas coleções não só das obras completas de Kierkegaard nos mais diversos idiomas (inglês, francês, alemão, italiano e espanhol), mas também – o que é mais importante – das edições críticas relacionadas ao autor em dinamarquês. O acervo reúne ainda alguns dos principais estudos feitos no mundo sobre a obra do filósofo até os anos 80.
As etapas do processo
O processo inicial de recuperação das obras envolve sua higienização, que começou a ser feita no mês passado por uma empresa especializada e deve ser concluída até março de 2016. Isto porque os livros e periódicos apresentam alto grau de contaminação por microorganismos, acidez e sujeira.
A segunda fase é a preparação física e técnica das obras, por bibliotecárias da UFPR, que deve durar cerca de dois anos. Outra fase é a avaliação da raridade do acervo. Para este trabalho, foi constituída uma comissão formada por seis professores de Ciências Humanas (três titulares e três suplentes), quatro bibliotecárias, dois servidores da área administrativa do setor. As avaliações das obras serão feitas na própria biblioteca, conforme os livros forem preparados.
Paralelamente a isso, quatro bibliotecárias da própria UFPR estão catalogando as obras. Posteriormente, há dois projetos em estudos, de médio e longo prazo: de restauração e digitalização dos livros e periódicos. “Mas isto ainda depende de projeto e recursos”, explica a chefe da Biblioteca de Ciências Humanas, Maria de Lourdes Saldanha do Nascimento.
Com a transferência da Biblioteca do Setor de Educação para o novo campus da UFPR no bairro Rebouças, em Curitiba, as obras raras ganharão sala especial. Este espaço precisa, porém, ser planejado rigorosamente para garantir a preservação do acervo e a saúde dos usuários. Um engenheiro ambiental da própria UFPR fará avaliação detalhada para determinar as condições ambientais ideais que garantirão a preservação das obras, o que inclui a instalação de equipamentos específicos para este fim.
 Por Aurélio Munhoz /  15 de julho de 2015 | 16:24

O avanço da pesquisa em Kierkegaard no Brasil Kierkegaard...

"O avanço da pesquisa em Kierkegaard no Brasil Kierkegaard é tema de dezenas de pesquisas na pós-graduação brasileira. Tradução de O conceito de angústia, ainda no prelo, servirá como novo elemento e estímulo à discussão das ideias do dinamarquês, acentua Álvaro Valls

Por: Márcia Junges e Jasson Martins

"Hoje já não se pode dizer que, no Brasil, não se leu Kierkegaard. Há vinte anos, foi possível ironizar dizendo que aqui não se lera, só se escrevera sobre Kierkegaard. Agora não!” A afirmação é do Prof. Dr. Álvaro Valls, na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line. Tradutor de O conceito de angústia, ainda no prelo, Valls disse que agora a obra poderá ser lida em uma tradução fiel e filosófica, investigada em “seus aspectos dialéticos, platônicos, agostinianos, schellinguianos, hegelianos”. De acordo com ele, atualmente, existem inúmeros trabalhos de pós-graduação sobre Kierkegaard em nosso país. A respeito da recepção da filosofia desse pensador em nossa terra, Valls assinala que esta difere da alemã, francesa e japonesa. Ele explica: “Trata-se de uma recepção bem humorada, competente, mais divertida, sem perder tempo com polêmicas rancorosas”.
Valls é doutor em Filosofia pela Universidade de Heidelberg (Alemanha). Professor titular do PPG-Filosofia da Unisinos, é pesquisador do CNPq, presidente do Grupo de Estudos sobre as obras de Kierkegaard nesta instituição e um dos fundadores da Sociedade Kierkegaard do Brasil (Sobreski). Traduziu algumas obras desse filósofo direto do dinamarquês, publicadas na coleção Pensamento Humano, pela Editora Vozes, e está finalizando a tradução de uma obra de Theodor Adorno para a Editora UNESP. De sua produção bibliográfica, citamos Entre Sócrates e Cristo (Porto Alegre: Edipucrs, 2000) e O que é Ética? (São Paulo: Brasiliense, 1983). Com Jorge Miranda de Almeida, escreveuKierkegaard (Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2007). Na Jornada Argentino-Brasileira de Estudos de Kierkegaard, apresenta em 13 de novembro a comunicação Três leituras que Adorno fez de Kierkegaard.
Confira a entrevista.
IHU On-Line - Em seu livro Entre Sócrates e Cristo, o senhor faz a seguinte afirmação: “Ora, se a ironia é uma atitude diante da vida, é também uma forma de comunicação”. O que significa isso?
Álvaro Valls - A ironia, na tradição socrática, é uma atitude relacionada ao nada (ver: “só sei que nada sei”) e mais radical que o niilismo, o cinismo e o ceticismo. Embora Hegel, na sua História da Filosofia, a reduza a “uma maneira de conversar”, ela é bem mais do que isso, é uma atitude diante da vida, que desafia o dogmatismo dos donos da verdade e questiona os que abstraem de sua própria subjetividade. Kierkegaard, que penetrou no mundo grego orientado por Poul Martin Møller  (a quem dedicou O conceito angústia), apropriou-se da ironia da maiêutica socrática, porém considerou necessário colocá-la a serviço de uma ideia mais alta. Argumentou que, depois do ensinamento de Jesus Cristo, a ironia não tinha mais o direito de ficar com a última palavra: essa foi sua crítica, p. ex., à chamada ironia romântica. Mas a ironia poderia ser utilizada, na comunicação, como arma ou instrumento, pela elasticidade que ela proporciona aos enunciados, devido à distância entre a intenção do falante (o que este “quer dizer”, relacionado à dimensão pragmática) e o significado semântico da proposição. Numa sociedade saturada de certezas, a comunicação deve esforçar-se por provocar curiosidade mais do que por fornecer novas certezas. A ironia representa, na vida humana autêntica, um papel semelhante ao da dúvida na filosofia moderna: há que começar por elas.
IHU On-Line - Há alguns anos, o senhor, invocando um personagem de Lima Barreto,  se autodefiniu como uma ave rara, um dos poucos brasileiros que lia Kierkegaard em Dinamarquês. De lá para cá, mudou alguma coisa?
Álvaro Valls - Mudou muita coisa! Antes dos trabalhos pioneiros de Ernani Reichmann, em Curitiba, nos anos 1960 e 1970, talvez só Alceu de Amoroso Lima  (dos nomes mais conhecidos no Brasil) tenha conseguido penetrar com alguma profundidade na obra do então chamado “pai do existencialismo”. E era uma aproximação no mínimo cautelosa, como se depreende do título da obra de Alceu: O existencialismo e outros mitos de nosso tempo. Mesmo quando um bom escritor e poeta português, como Adolfo Casais Monteiro,  traduzia um livro de Kierkegaard, como aquele sobre as formas do desespero, não sentia a necessidade de ler o texto original. Assim, para mim, os anos 1980, após meu doutorado em Heidelberg com Michael Theunissen,  foram anos de deserto, só aliviados, por algum tempo, pela amizade do conterrâneo Ernani Reichmann e do francês Henri-Bernard Vergote,  que me deram como uma missão (ou um desafio) fazer tais traduções. Reichmann me apelidava de “kierkegaardiano de escola”, consciente do oxímoro que isso representava. Hoje, porém, já temos em andamento no Brasil dezenas de trabalhos de pós-graduação sobre Kierkegaard. Há cerca de uma dúzia de professores e estudiosos com doutorado sobre ele (seja em São Paulo ou Campinas, seja na Itália ou na Noruega). Fizemos nove Jornadas de estudos nos últimos nove anos, pelo Brasil afora. Colegas nossos já publicaram vários livros de boa qualidade, como recentemente Marcio Gimenes de Paula e Jorge Miranda de Almeida.  Vários doutores brasileiros já desfrutaram das ótimas condições de pesquisa da Kierkegaard Library, de Minnesota. Jonas Roos investigou por mais de um ano no Centro de Pesquisa de SK, em Copenhague. As traduções novas que vão aparecendo têm sido feitas sempre a partir do original. O Conceito de ironia já chegou à terceira edição, As obras do amor em pouco tempo alcançou a segunda edição. Quem estará comprando e lendo esses livros? Kierkegaard começa a ser lido e discutido, a ser compreendido e relacionado dentro da história do pensamento filosófico.
IHU On-Line - A Sociedade Brasileira de Estudos de Kierkegaard (Sobreski), da qual o senhor é um dos fundadores, possui o seguinte lema “Uma sociedade ironicamente correta”. O senhor concorda que esse lema resume, de certa forma, a recepção brasileira do pensamento de Kierkegaard e tornou-se o leitmotiv dos estudiosos brasileiros?
Álvaro Valls - Parece que sim. “Ironicamente correto” é uma expressão que ocorre na Dissertação de 1841. A recepção brasileira difere da alemã, da francesa e da japonesa. Trata-se de uma recepção bem humorada, competente, mais divertida, sem perder tempo com polêmicas rancorosas. Este lema (inventado por brincadeira, numa ironia redobrada) aponta para nossa tese da leitura (tal como o propunha o grande pesquisador Henri-Bernard Vergote em Sens et Répétition: Essais sur l'ironie kierkegaardienne (Paris: Le Cerf, 1982) da obra como um todo, desde a Dissertação de 1841 até a polêmica final com a Igreja oficial dinamarquesa (interpretada em sua teatralidade maiêutica: “a caráter”) além do material dos Papirer, ou seja, a sugestão de que queremos ler a obra de Kierkegaard sem nos satisfazermos com aspectos anedóticos de sua biografia e uns poucos textos pseudônimos. E se Kierkegaard foi chamado “o Sócrates nórdico” é por haver muita ironia até em suas obras aparentemente mais sérias e de feição mais acadêmica, como no Conceito angústia, por exemplo. “Ironicamente correto” lembrava também que fizemos oito Jornadas de Estudos sem solicitar verbas das agências financiadoras. E nos reunimos por oito anos numa Sociedade sem nenhuma burocracia (e claro que sem dinheiro). Outra ironia foi quando, numa das nossas primeiras Jornadas, a única participante que não era patrícia nossa era Patrícia Dip,  da Argentina.
IHU On-Line - Pela primeira vez esta Jornada de Estudos de Kierkegaard é promovida pela Sobreski em parceria com a Biblioteca Kierkegaard, de Buenos Aires. O que o senhor espera dessa parceria com os pesquisadores argentinos?
Álvaro Valls - O mundo de idioma espanhol dispõe de traduções melhores a mais tempo do que nós. E nossos colegas argentinos vêm discutindo a obra de Kierkegaard com grande seriedade há vários anos. Darío González, por exemplo, trabalhou no Centro de Copenhague por muito tempo. Andrés Albertsen lidera a Igreja Dinamarquesa de Buenos Aires. Em metade de nossas Jornadas, tivemos a sorte de contar com colegas argentinas como Patrícia Dip e Maria José Binetti, que alguns de nós também encontraram na Kierkegaard Library do St. Olaf College, em Northfield, MN, nos Estados Unidos. Os contatos se multiplicaram, aqui e nas Jornadas Argentinas, da Biblioteca Kierkegaard, no ISEDET de Buenos Aires, e daí surgiu naturalmente a ideia de que, a partir de nossa décima Jornada, deveríamos somar os esforços. Dois dias lá, com alguns de nós, e dois dias aqui, com alguns deles. E que isso se mantenha nas próximas Jornadas, como uma boa tradição de integração. A parte brasileira dessas Jornadas, este ano, conta com apoio do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, e até da CAPES. Teremos, lá e aqui, mais alguns participantes ilustres de outros países, como o português João Vila-Chã SJ,  atualmente na Universidade Gregoriana, em Roma.
IHU On-Line - O senhor é reconhecido como o tradutor das obras de Kierkegaard ao vernáculo, e essa tarefa até agora cumpriu a sua função de fornecer boa tradução aos leitores brasileiros. Nesse sentido, o que espera da publicação da tradução de O conceito de angústia, traduzida diretamente do original, e que está no prelo, para as pesquisas no Brasil?
Álvaro Valls - O conceito de angústia é um livro muito rico, profundo e difícil, além de fascinante. As traduções de que dispúnhamos até agora dependiam de traduções de outras línguas e não eram muito exatas. A nossa procurou levar em conta aspectos filosóficos que estavam obscurecidos e, ajudados, como de costume, por Else Hagelund,  a manter a fidelidade à língua do autor. A leitura desta tradução, que deve aparecer pela Vozes em fins de janeiro de 2010, não será fácil, estou convencido disso, mas se tornará mais produtiva. Por outro lado, se nossas traduções têm algum valor, está ligado ao esforço de fidelidade, de manter o pensamento filosófico no seu nível e no esforço de usar uma linguagem nossa tal como Kierkegaard a usaria, pelo que conhecemos dele. A partir de uma tradução fiel e filosófica, o livro poderá ser investigado em seus aspectos dialéticos, platônicos, agostinianos, schellinguianos, hegelianos etc., além de ser alvo de estudos de toda a chamada área Psi.
IHU On-Line - Quais são os seus projetos para os próximos anos à frente do Grupo de pesquisa sobre a obra de Kierkegaard (CNPq) da qual é o presidente?
Álvaro Valls - A situação do livro sobre a angústia é similar à da obra de 1849, A doença para a morte, conhecida entre nós em três ou quatro traduções indiretas, e, cada vez mais inexatas, e por temos grande a esperança no trabalho que o Dr. Jonas Roos, um de nossos quadros mais bem formados (agora professor de Filosofia da Religião na Universidade Federal de Juiz de Fora, MG), está fazendo. Torcemos para que seja publicada em 2010, e aí os dois passos seguintes teriam de ser passar ao nosso idioma o Postscriptum final não científico e a Escola (ou Prática) do Cristianismo. Há planos em nosso grupo de traduzir a polêmica de O instante e outros textos. É possível prever, pois, para os próximos dez anos, uma década de discussões competentes, a partir de textos bons em nosso idioma, e de produção de textos de qualidade que modificarão completamente nosso panorama. Em 2010, deverá ser publicada também a tradução que estou terminando da famosa livre docência de Adorno,  orientada por Tillich, Kierkegaard - Construção do Estético pela UNESP. Jasson Martins,  Jonas Roos, Sílvia Saviano Sampaio  e Ilana Amaral  já têm livros escritos que podem ser lançados em pouco tempo. E há uma coletânea, indo para o prelo, bem adiantada, sobre O conceito de angústia. Antes disso aparecerão, por certo, os melhores trabalhos dessas Jornadas de 2009.
IHU On-Line - Qual é a atualidade de Kierkegaard no contexto do pensamento filosófico contemporâneo?
Álvaro Valls - Nos anos 1980, escrevi um artigo para o Folhetim da Folha de São Paulo, com esse título: A atualidade de Kierkegaard. O editor do Folhetim preferiu usar como título uma frase de meu texto: “E não se leu Kierkegaard”. Foi graças a esse artigo que conheci Vergote, que logo apresentei a Reichmann, então a ave rara das boas traduções de Kierkegaard no Brasil. Vergote congratulava-se com os franceses porque agora, com as Œuvres Complètes, das Éditions de l’Orante, traduzidas por Paul-Henri Tisseau,  já podiam ler a obra desse autor. Hoje já não se pode dizer que, no Brasil, não se leu Kierkegaard. Há vinte anos, foi possível ironizar dizendo que aqui não se lera, só se escrevera sobre Kierkegaard. Agora não! Os recentes livros de Marcio Gimenes de Paula e Jorge Miranda de Almeida (que já publicou comigo uma introdução, na Zahar) demonstram já haver bastante consciência da contribuição desse pensador para as nossas questões. Na sociedade de massas, o indivíduo, no sentido enfático, ainda é a categoria crítica fundamental. Na globalização e no pensamento da identidade, a defesa adorniana do não-idêntico provém diretamente de sua tese sobre nosso pensador. O pensamento ético de um Wittgenstein costuma ser relacionado quase que exclusivamente a Schopenhauer, mas suas leituras de Kierkegaard eram de grande seriedade. E o que dizer de pensadores como Heidegger, Lévinas, teólogos como Barth, Tillich e Bultmann,  e escritores como Thomas Mann  e Max Frisch,  que se apropriaram tanto dele, de forma tão produtiva? Quantas de suas provocações levaram Lacan e Derrida  a ter novas ideias? E nem falemos da Hermenêutica do sujeito e do Cuidado de si, de Foucault,  livros tão próximos de suas ideias que até parece que Kierkegaard os teria lido. E os teria lido, de fato, se tivesse podido, tal como lera Feuerbach  e leu muito Schopenhauer nos seus últimos cinco anos. Por isso se pode até lamentar que Nietzsche tivesse prometido “ocupar-se com o fenômeno Kierkegaard” apenas em 1889. Foi tarde demais para ele, mas para nós ainda há um bom tempo."

Obras de Kierkegaard publicadas no Brasil e Portugual




"O autor esclarece psicologicamente o conceito da angústia, utilizando-se da figura de Adão, "o homem", refletindo sobre a dialética da responsabilidade. Este é um grande ensaio de Psicologia; não é livro de Ética nem de Dogmática, por mais que utilize a palavra pecado para a busca da autonomia humana, eventualmente transgressora. O resultado é uma obra prima, que discute com a tradição cristã e com o necessitarismo dos sistemas idealistas."
Fonte:http://www.fnac.pt/O-Conceito-de-Angustia-Soren-Kierkegaard/a330258

KIERKEGAARD, SOREN, 1813-1855. Conceito de angústia, O / 1968 São Paulo: Hemus, 2007. 164 p.






"Soren Kierkegaard (1813 - 1855) foi um teólogo e um filósofo dinamarquês do século XIX, que é conhecido por ser o 'pai do existencialismo', embora algumas novas pesquisas mostrem que isso pode ser uma conexão mais difícil do que fora, previamente, pensado. Filosoficamente, ele fez a ponte entre a filosofia hegeliana e aquilo que se tornaria no existencialismo. Kierkegaard rejeitou a filosofia hegeliana do seu tempo e aquilo que ele viu como o formalismo vácuo da igreja luterana dinamarquesa. Muitas das suas obras lidam com problemas religiosos tais como a natureza da fé, a instituição da fé cristã, e ética cristã e teologia. A obra de Kierkegaard é de difícil interpretação, uma vez que ele escreveu a maioria das suas obras sob vários pseudônimos, e muitas vezes esses pseudo-autores comentam os trabalhos de pseudo-autores anteriores. Kierkegaard é um dos raros autores cuja vida exerceu profunda influência no desenvolvimento da obra. As inquietações e angústias que o acompanharam estão expressas em seus textos, incluindo a relação de angústia e sofrimento que ele manteve com o cristianismo - herança de um pai extremamente religioso, que cultuava a maneira exacerbada os rígidos princípios do protestantismo dinamarquês, religião de estado. A perspectiva trabalhada neste livro é de cunho religioso e, na dialética existencial de Sören Kierkegaard apresenta o homem ético representado pela figura bíblica de Abraão que à medida que se posiciona a acreditar em Deus, dá o salto da fé, onde vivencia o crer sem ver, e o viver pela experiência com o próprio Deus."Fonte:http://www.livrariacultura.com.br/p/temor-e-tremor-2463869

KIERKEGAARD, Soren. Temor e tremor. Lisboa [Portugal]: Guimaraes, 1959. 225p




"Admira-se, nesta dissertação, a grande abertura da obra de Kierkegaard, inaugurada com um mergulho em Platão e em Hegel, resumindo dez anos de investigação sobre Kant, Fichte, Solger e Hegel. O conceito de ironia contém a verdadeira plataforma, o programa em seus aspectos temáticos e metodológicos que se desenvolverão ao longo da produção kierkegaardiana."


KIERKEGAARD, Soren. O conceito de ironia: constantemente referido a Sócrates. Petrópolis, RJ: Vozes, 1991. 283 p. (Pensamento humano)

 



"Essas considerações, de 1847, analisam o mandamento do amor, ante o pano de fundo do Hino à caridade. Recorrem à filosofia e lembram o Banquete. Mas o amor cristão é um mistério, que só pode ser conhecido pelos seus frutos, as obras: há que crer no amor. O amor cristão é comparado com o amor platônico e a amizade aristotélica. O poeta elogia o amor apaixonado, sem saber como e por que o amor precisa transformar-se em dever. Amar a si mesmo é natural, mas a religião do amor acrescenta: ama o teu próximo "como a ti mesmo". Este acréscimo pode mudar o mundo, vencer o egoísmo. Amar é aproximar p outro do Amor, ajudá-lo a conhecer e a viver o amor divino. E o outro não é o segundo eu, mas o "primeiro tu"."
Fonte:http://www.universovozes.com.br/livrariavozes/web/view/DetalheProdutoCommerce.aspx?ProdID=8532631185&


KIERKEGAARD, Soren; VALLS, Alvaro L. M. As obras do amor: algumas considerações cristãs em forma de discursos. Petrópolis, RJ: Vozes, Bragança Paulista, SP: Edusf, 2013. 431p. (Pensamento humano)





ESTE VOLUME   DA COLEÇÃO OS PENSADORES CONTÉM AS SEGUINTES OBRAS:

O DIÁRIO DE UM SEDUTOR (1843)
A obra retrata aquilo que Kierkegaard entende por modo de vida estético, caracterizado pelo hedonismo romântico e sofisticado. O sedutor é um indivíduo que escolhe o mergulho na paixão, as contradições da existência amorosa. Escolhe como finalidade da vida o prazer, gozando pessoalmente a estética e gozando esteticamente sua própria personalidade.

TEMOR E TREMOR (1843)
O episódio bíblico de Abraão, que se dispõe a matar o filho Isaac em obediência à ordem divina, serve de tema à reflexão de Kierkegaard sobre a natureza da fé. E é fundamentalmente como paradoxo que a fé se revela: “paradoxo capaz de fazer de um crime um ato santo e agradável a Deus, paradoxo que devolve a Abraão o seu filho, paradoxo que não pode reduzir-se a nenhum raciocínio, porque a fé começa precisamente onde acaba a razão”.

O DESESPERO HUMANO (DOENÇA ATÉ À MORTE)
A dialética do desespero — doença que marcaria o fundo da consciência do cristão até à morte — é analisada por Kierkegaard, em suas múltiplas facetas: o desespero inconsciente de ter um eu; o desespero que não quer, e o desespero que quer ser ele próprio; a relação entre desespero e pecado.

Tradução de: Carlos Grifo, Maria José Marinho, Adolfo Casais
Monteiro.
Consultor da Introdução: Marilena de Souza Chauí




KIERKEGAARD, Soren. Diário de um sedutor; Temor e tremor ; O desespero humano. 3. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988. 279 p. (Os pensadores )








"Para Kierkegaard, o que distingue o matrimônio da voluptosidade é o elemento de eternidade nele contido." O livro representa um dos livros-chave para o entendimento do existencialismo cristão, do qual Kierkegaard foi um dos maiores intérpretes."


KIERKEGAARD, Soren. O matrimônio. São Paulo, SP: Editorial Psy II, 1994. 140 p.





KIERKEGAARD, Soren. Ponto de vista explicativo da minha obra como escritor. Lisboa (Portugal): Edições 70 Brasil, 1986.






"É preciso duvidar de tudo possui quatro partes: introdução, primeira parte, segunda parte e um apêndice (que Kierkegaard deixou inacabado, juntamente com a obra). A citação de Espinosa – sobre a dúvida real no Tratado da reforma da inteligência, logo no início da obra – e a citação de um versículo bíblico de I Timóteo (de que ninguém deve desprezar sua juventude) fornecem a atmosfera (palavra tão cara ao léxico kierkegaardiano). Em outras palavras, o texto vai andar no meio-fio entre a dúvida existencial real e a importância de narrar a vida de um jovem filósofo. Tal panorama servirá para testar a filosofia moderna..."  por Marcio Gimenes de Paula


KIERKEGAARD, Søren Aabye. É preciso duvidar de tudo. Prefácio e notas de Jacques Lafarge, tradução de Sílvia Saviano Sampaio e Álvaro Luiz Montenegro Valls, revisão da tradução de Else Hagelund e Glauco Micsik Roberti. São Paulo: Martins Fontes, 2003. (Coleção Breves Encontros).

































" Esta obra constitui um dos mais importantes escritos de Søren Kierkegaard, com que o autor, usando o pseudônimo Johannes Climacus, tentava encerrar, aos 33 anos, sua já alentada produção. O ano de 1846 foi crítico para Kierkegaard, pois ele revisou seu projeto existencial e autoral. Em termos filosóficos, este livro, que durante sua composição usava o título provisório de "Problemas lógicos de Johannes Climacus, editados por S. Kierkegaard" contém o núcleo de sua crítica à lógica hegeliana."




Kierkegaard,Soren. Pós-Escritos às Migalhas Filosóficas Vol. 1 tradução de Álvaro Luiz Montenegro Valls e Marrilia Murta de Almeida.- Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.-(coleção Pensamento Humano) p.314


EDIÇÕES PORTUGUESAS


"O lançamento de Ou—Ou. Um Fragmento de Vida, Primeira Parte, de Soren Kierkegaard, traduzido por Elisabete de Sousa, vai realizar-se amanhã, 30 de Abril, pelas 18 horas, na Biblioteca Nacional.A apresentação da obra será feita por Bartholomew Ryan. A obra, editada pela Relógio D’Água, segue-se à publicação de Temor e Tremor (trad. Elisabete de Sousa), A Repetição e Migalhas Filosóficas (ambas com trad. de José Miranda Justo)."




"Há, no entanto, um último vector da categoria de repetição que importa salientar. Constantin Constantius diz: “A repetição é a realidade, e é a seriedade da existência. Aquele que quer a repetição amadureceu em seriedade. Esta é a minha declaração de voto.” E numa outra passagem acrescenta: “a repetição é o lema em qualquer intuição ética; a repetição é conditio sine qua non para todo e qualquer problema dogmático.” “Lema” e “declaração de voto” são actos linguísticos que surgem aqui a balizar o interesse ético da repetição. “O lema” — “Løsnet”, que também tem o significado de “senha”, no sentido de palavra de passe — indica ou uma orientação ou o factor que franqueia a entrada num domínio reservado: ou seja, a repetição é a orientação fundamental, que há que não perder de vista, para a súbita decisão da escolha ética, que em Kierkegaard é antes de mais escolha de si próprio; e é ao mesmo tempo a chave que abre o terreno do ético."

KIERKEGAARD, Søren. A Repetição. [Tradução: José Miranda Justo] – Lisboa, PT: Relógio D’Água Editores, 2009.










"Ou—Ou. Um Fragmento de Vida" é uma obra ímpar dentro da literatura e da filosofia ocidentais, a todos os níveis e vista de todos os ângulos; não fosse a circunstância de, na Europa de então, como na actual, a língua dinamarquesa ficar submersa por outros idiomas dominantes, e certamente que teria sido reconhecida universalmente como um clássico da literatura e da filosofia na geração seguinte ao seu aparecimento. A consciência plena por parte do seu autor de que assim é constitui, aliás, um dos seus intuitos, se não confessos, pelo menos explicados e demonstrados ao longo da obra. Vista no conjunto da produção de Kierkegaard, "Ou—Ou. Um Fragmento de Vida" introduz a esmagadora maioria dos conceitos e categorias que o filósofo desenvolverá posteriormente e, para citar apenas alguns, encontramos aqui o estético e o ético, o ético e o religioso, o desespero e a esperança, o amor em todas as suas fases e modalidades, os diferentes tipos e usos do pensamento, a possibilidade e a realidade, a escolha, a liberdade, a recordação e o esquecimento, e o instante.»Da Introdução de Elisabete M. de Sousa"


Kierkegaard,Soren. Ou-Ou. Um Fragmento de Vida, Primeira parte, tradução, introdução e notas de Elisabete M. de Sousa, Lisboa, Relógio d'Água, pp. 480.





"«Assim, a temática do Cap. I centra-se na apreciação da diferença entre, por um lado, o modelo socrático-platônico da relação do mestre com o discípulo e, por outro lado, o modelo cristão da relação “do deus”com o “aprendiz”; mas, se procurarmos o conceito operativo específico deste capítulo, rapidamente compreenderemos que é a categoria de “instante” que, na sua oposição funcional com a noção de “ocasião”, determina o essencial da meditação aí levada a cabo. O Cap. II, por seu turno, tem por tema central a questão do amor do deus pelo homem; o conceito operativo específico deste capítulo encontra-se na “humilhação” que é capital para que este amor não seja um “amor infeliz”, ou seja, situa-se naquilo que motiva o facto de o deus descer na figura de um “servo” e que simultaneamente faz que perante este facto se esteja diante do “maravilhoso”. O Cap. III debruça-se sobre o tema do paradoxo, em especial da diferença entre o “paradoxo socrático” (Sócrates faz todos os possíveis por conhecer a natureza humana, mas não está certo de saber quem é, em particular de saber se partilha do divino) e o “paradoxo absoluto”(que põe em jogo a “diferença absoluta” entre o deus e o homem, que é a“diferença absoluta do pecado”, e o anular desta diferença absoluta na “igualdade absoluta”).» [Da Introdução de José Miranda Justo]"



Kierkegaard,Soren. Migalhas Filosoficas,tradução, introdução e notas de Elisabete M. de Sousa, Lisboa, Relógio d'Água.




"O tratamento acentuadamente patético em Temor e Tremor (…), permite analisar pormenorizadamente nos sucessivos episódios, e nas sucessivas “modificações” anunciadas e logo introduzidas pelos respectivos autores, os conflitos de ordem pessoal e inter­-relacional que afectam o indivíduo que procura uma forma consequente de objectivar o seu sentimento. Nos episódios de Temor e Tremor, a representação do amor como uma força vital encontra­-se em todas as situações imagináveis como estando determinadas por esse sentimento — seja ele paternal, filial, fraternal, erótico, para com a divindade, para com a polis, ou a philosophia; na maioria dos casos, a ultrapassagem desse amor implica não só a óbvia perda desse sentimento, como a morte de uma das partes ou o seu desaparecimento enquanto receptáculo do amor de um outro."

Kierkegaard,Soren.Temor e Tremortrad. Elisabete de Sousa ,Lisboa, Relógio d'Água.