O filósofo dinamarquês Søren Aabye Kierkegaard nasceu
em 5 de maio de 1813 em Copenhague, último dos sete filhos de Michael Pedersen
Kierkegaard. O pai era natural de uma fazendola (Gaard) perto de uma igreja
(Kierke),donde o nome Kierkegaard, situada no povoado de Saedding, no Oeste da
Jutlândia. Enviado a Copenhague aos onze anos, seu pai aprendeu o oficio da
malharia e não tardou em fazer imensa fortuna. Retirou-se do comércio aos
quarenta anos ( em 1797) e, muito interessado por literatura, filosofia e
religião, abriu sua casa aos intelectuais da cidade. Essa vida espiritual o
confortava nos infortúnios de sua vida familiar: dois filhos, três filhas e a
mãe destes morreram entre 1819 e 1834. Só lhe restaram dois filhos, Peter e
Sõren, aos quais se esforçou por dar severa educação religiosa, assim como
sólida formação grega e latina. Colocou-os na melhor escola de Copenhague e,
mais tarde, incentivou-os a estudar teologia na universidade, para se tornarem
pastores. Quando o pai faleceu em 1838, os dois irmãos dividiram a fortuna.
Peter tornou-se pastor, depois bispo, em 1856. Mas, apesar de seus estudos e
de ter passado com sucesso nas provas de homilética, Søren permaneceu escritor,
vivendo de sua fortuna. Só saiu da Dinamarca para quatro viagens a Berlim,
tendo falecido em Copenhague em 1855; de sua fortuna só lhe restava então o
necessário para pagar o funeral.
I. Uma vida excepcional - O pensamento de Kierkegaard não é
muito compreensível à margem dos acontecimentos que marcaram a tal ponto sua
existência que ele acabou por considerá-la uma vida excepcional.
Em primeiro lugar: a iniciação ao segredo de sua primeira
angústia, a "melancolia" de seu pai. Um dia, Sõren fica sabendo que
esse pai, que ele considerava irrepreensível diante de Deus e dos homens,
pecara gravemente. Claro, Kierkegaard nunca nos disse explicitamente em seus
Papéis (notas e esboços) como descobriu esse segredo, nem como o pai pecara.
Mas sabe-se que, um ano depois da morte de sua primeira mulher, que não lhe
dera filhos, o pai se casou com a criada da casa, com quem teve um primeiro filho dois meses depois. Poderia, portanto, tratar-se - pura hipótese - do estupro dessa
criada,a mãe de quem, aliás, Kierkegaard nunca fala .A descoberta do que perturbava tanto a alma de seu pai produziu
na do filho tamanho pavor que em 1836 rompeu com ele....
A Repetição (outubro de 1843) retoma a questão não resolvida
do ético de A Alternativa: que fazer quando se perdeu a felicidade imediata?
Seria possível acreditar em reencontrá-la na repetição, como o juiz Wilhelm,
que repete ou retoma (em dinamarquês: gentager) todos os dias sua vida
conjugal. Mas o autor pseudônimo de A Repetição, Constant Constantius, publica,
nesse "Ensaio de Psicologia Experimental", cartas de um
jovem melancólico que rompeu com a jovem amada justamente porque não podia
suportar a monotonia repetitiva do cotidiano. O que ele espera é uma retomada
muito mais radical: um recomeço da vida, tal como Deus deu a Jó depois de seus
terríveis sofrimentos. Mas se espera esse retorno, é por estar perdido em suas
lembranças. Assim como "o mais infeliz" de A Alternativa, ele esta
sempre ausente da realidade, suspenso entre a lembrança e a esperança no mundo
presente lhe dá náuseas, mas, ao contrário de Constantius, ele se recusa a
moldar friamente a situação a seu bel-prazer para recriar sua vida. Reconhece que sua paixão não poderia satisfazer-se com uma ação calculada e que deve
renunciar a toda e qualquer repetição no plano material. Sobrevém o imprevisto:
fica sabendo do casamento da moça com outro ( do mesmo modo, no momento de
redigir A Repetição, que deveria ter terminado com a morte do rapaz,
Kierkegaard fica sabendo do noivado de Regina com Fritz Schlegel, seu amigo de
infância). Esse golpe transforma o infeliz em poeta, e é nesse plano que
encontra a repetição. Mas, pergunta-se Constantius, essa repetição talvez não
passe de meia solução. Tivesse o rapaz "uma base religiosa", pensa
ele, "jamais se teria tornado poeta". Teria agido então com uma
"lógica de ferro" (JernConseqvents ), porque "teria adquirido
um fato de consciência ao qual poderia apegar-se constantemente" (OC, V,
p. 95).
A questão assim levantada é examinada num livro publicado no
mesmo dia de A Repetição. Trata-se de Temor e Tremor, Lírica Dialética, por
Johannes de Silentio (João do Silêncio). Para conduzir sua experiência, esse
autor recorre ao protótipo da firmeza religiosa, Abraão, disposto a oferecer em
holocausto seu único filho, Isaac, a fim de obedecer a Deus, mas com toda
confiança, porque, no fim das contas, é a Deus que cabe a decisão. Ele crê,
pois, na renovação da vida temporal depois de ter renunciado a ela.
Apresenta-se, assim, "o duplo movimento na alma de Abraão" ( OC, V,
p. 204). A dialética da retirada e do retorno explicita-se: de um lado,
resignação infinita na "interioridade oculta", em que o indivíduo -
den Enkelte - toma consciência de seu valor eterno indeclinável, diria Kierkegaard, sobre o paradigma da ordem geral da ética; de outro, coragem que permite reaprender toda a temporalidade sob o signo da mais alta instância.
A apropriação da realidade é proposta como tarefa nessa dupla reflexão
"em temor e tremor": cumpre retirar-se do mundo unicamente para a ele retornar. No
entanto, a personagem Abraão é demasiado elevada para ser exemplo plenamente
satisfatório do duplo movimento: é um homem justo, o eleito de Deus, a quem só
se pede que ignore a ética por constituir exceção. É por isso que Johannes de
Silentio tenta substituí-lo, sobretudo pela figura demoníaca do tritão que seduz
uma jovem inocente, Agnes. Podemos imaginar, como Johannes de Silentio, que no
momento de agarrar sua presa o tritão se sinta arrasado diante da
"potência da inocência" ( OC, V, p. 183) da jovem e se retire para o
fundo do mar, a fim de se arrepender de sua falta. O que conscientiza o
indivíduo de seu valor absoluto não é mais (como no caso de Abraão) a suspensão teleológica da ética, mas o reconhecimento do pecado. Ora, trata-se de saber
se esse indivíduo, o tritão tomado pelo arrependimento, pode retornar à
realidade. Estará condenado a permanecer em seu retiro, "como num
claustro", ou poderá ser libertado deste pelo perdão de Agnes? Nada lhe dá
direito a esse perdão. Se desposasse Agnes, seria em virtude do absurdo. Por
conseguinte, "feito o movimento do claustro, resta apenas um outro, o
do absurdo" (p. 188).
Temor e Tremor levanta finalmente a questão da libertação que
o indivíduo é incapaz de conquistar por si mesmo, libertação que ele deve
receber, ao passo que o primeiro tratado de Climacus, Migalhas Filosóficas ou
Um Pouco de Filosofia (junho de 1844), apresenta essa possibilidade como
hipótese e estuda suas consequências. Climacus constata que esta última rompe radicalmente/com a ideia grega de conhecimento e busca como reminiscências da
verdade dentro da alma. De acordo com a hipótese em apreço, a verdade passa
a ser o que escapa ao domínio do pensamento.Ela surpreende o
pensador ao ocorrer no imprevisível instant-Ojeblik, no piscar de olhos, como
paradoxo impensado e impensável, isto é,segundo Kierkegaard, o religioso ao
qual o pensamento aspira
mas que não pode alcançar. Ela é como o paradoxo do amor, que transforma o
amante a ponto de quase torná-lo irreconhecível. Em sua forma absoluta, é a ideia cristã do "deus no tempo" (OC, X, p. 103), deus cujo incógnito
é a humanidade temporal, deus que dá ao pecador oportunidade de fé. Se um acontecimento histórico/é capaz de adquirir tamanha importância, a história
não é, então, um processo necessário, mas a realização de uma relação entre (necessidade
e possibilidade),natureza e liberdade Contrapondo-se a Hegel, Climacus afirma
que o passado não se torna necessidade tornado-se imutável. O ato histórico
continua a ser obra da liberdade nunca pode ser apagado pela Razão do
Sistema.
Migalhas Filosóficas haviam extraído as consequências, de
certa forma descendentes, de uma hipótese, ao passo que Conceito de Angústia,
publicado alguns dias depois, faz uma análise ascendente dos estados
psicológicos que essa mesma hipótese pressupõe. De fato, esse escrito teórico
desenvolve uma "simples reflexão psicológica para servir de introdução ao problema dogmático do pecado original (em dinamarquês: Arve-Synden, pecado hereditário)" (OC, VII, pp. 105
ss.). Trata-se de compreender o salto - Springet - que leva da inocência à
falta. Isso implica a seguinte explicação antropológica: o homem é uma relação entre corpo e alma, e a síntese dessa relação, consciente de si, é
feita pelo espírito. No estado de inocência, o espírito não passa inicialmente
de sonho, e seu poder é um nada que o angustia. Inteiramente diferente do
temor, que diz respeito a algo preciso, a angústia é liberdade, possibilidade
de estabelecer a diferença entre bem e mal e, nesse salto qualitativo,
descobrir-se culpado. Ela é como a vertigem, que se apossa de nós quando o
olhar mergulha no abismo; livre, esse olhar encontra o estranho poder do abismo
e sucumbe a ele; nesse instante tudo muda, e "a liberdade, reerguendo-se,
vê-se culpada" (OC, VII, p. 163). Profundamente ambígua, essa culpa
decorre ao mesmo tempo do olhar e do abismo, do espírito e da força estranha.
A melancolia - em dinamarquês Tungsindert, "espírito pesado" - é
igualmente ambígua, porém é uma angústia mais refletida, que contém um complexo de pressentimentos. É por isso que, na
melancolia, a angústia diante do pecado pode produzir o pecado. Assim se
explica o fato de todo indivíduo retomar o pecado "num nexo
histórico" (OC, VII, p. 173) como fato "hereditário".
Etapas no Caminho da Vida, publicada em abril de 1845, é a
última e a melhor das obras concebidas sob o signo da experimentação concreta.
Trata-se de "estudos de diversos autores, reunidos, organizados e editados
por Hilarius Encadernador". Esse pseudônimo desloca um pouco mais a
posição da ironia que, em A Alternativa, confina com a estética e a ética. Ela
se torna hilaridade ou humor. Assim, às duas etapas de A Alternativa aqui
retomadas com humor, Hilarius acrescenta uma terceira, a religiosa. Com efeito,
o humor é uma ironia que, visando à própria subjetividade, apresenta-a diante
de uma força superior que ao mesmo tempo a julga e liberta. O humorista pode,
portanto, suportar toda a tristeza deste mundo, o seu, graças ao sorriso que
pressente a própria saída de sua miséria. A primeira parte de Etapas, ln vino veritas, contém uma série de
discursos sobre a mulher que, em sua demonia (angústia diante do bem),
esclarecem com humor uma forma de desespero analisada em O Conceito de Angústia. Na segunda parte, vemos reaparecer o juiz
Wilhelm, com Diversas Considerações sobre o Casamento, mas estas não têm mais
a firmeza de outrora e atestam a perplexidade do juiz.
Nova é a história do sofrimento de Quidam (alguém) na última
parte de Etapas:;Culpado - Inocente? Trata-se, aqui também, de uma versão do
relato do rapaz que rompeu com a noiva, mas agora a interpretação adquire
orientação religiosa: Quidam se reconhece não culpado, porque a melancolia de
que sofre é um mal que o acometeu, e, ao mesmo tempo, culpado, por se ter lançado
numa aventura irrealizável e infelicitado outra pessoa. Quidam foi imaginado
por Frater Taciturnos, o irmão taciturno, que numa "carta ao leitor"
explica a diferença entre o jovem de A Repetição, para o qual o obstáculo era
de ordem puramente externa (o amor à jovem), e Quidam, que encontra esse
obstáculo em si mesmo (sua culpa e seu arrependimento). Para superá-lo, precisa
de uma paixão - Lidenskab - mais forte que a
paixão poética, para qual toda felicidade vem de fora. Mas o humor leva apenas
ao ponto crucial em que se consuma o salto que leva à etapa da paixão religiosa;
Quidam, simples humorista, tem consciência do obstáculo interior, mas não tem
a fé capaz de superá-lo. Assim, ele não passa de uma "figura demoníaca com
tendência religiosa" ( OC, IX, p. 445), furtando-se à questão séria,
fundamental, do perdão dos pecados.
O Post-scriptum Definitivo e Não-Cientifico às "Migalhas
Filosóficas", publicado em fevereiro de 1846, é a contrapartida teórica
de Etapas, "arrazoado existencial" que se tornou um texto clássico da
filosofia existencial, sem dúvida por causa de seu humor voltado contra a
especulação hegeliana. Esta consiste, segundo Climacus, em perder-se na
objetividade. O filósofo especulativo ateu é simplesmente trágico. Mas se
quiser alcançar a felicidade eterna pela especulação, será cômico também, porque
há contradição em querer apropriar-se da felicidade se suprimindo. Climacus
ironiza sobre o Sistema, no qual "não deve restar vestígio de existência,
nem sequer o mais insignificante penduricalho penduricalhante, como o sr.
Professor, que, em plena existência, escreve o Sistema" (OC, X, p. 116).
Como será dito mais tarde em outra obra kierkegaardiana, A Doença até a Morte,
o pensador especulativo não habita o palácio colossal que abarca toda a
realidade, "mas uma pequena dependência, a casinha do cachorro, no máximo
o quarto do zelador" (OC, XV!, p. 201). Para o pensador existencial, que é
Climacus, "pode haver um sistema lógico. Não pode haver sistema da
existência" (OC, X, p. 103). Pois quem diz Sistema diz mundo fechado, mas
a existência é abertura, liberdade. O pensador do Sistema transforma arelação
com a verdade numa certeza objetiva apresentada de maneira doutoral e direta,
com total certeza científica. Já Cli.macus ressalta que a "incerteza
objetiva, mantida na apropriação da interioridade mais apaixonada, é a
verdade, a mais alta verdade que possa haver para um existente" ( OC, X,
p. 189). Então o como subjetivo precede e até resolve o quê objetivo: "A
subjetividade é a verdade" (p. 189).
Mas embora essa verdade apareça como o paradoxo de Cristo (paradoxo em que o filósofo Kierkegaard dolorosamente esbarrou, e que determina toda a parte religiosa da sua obra), de tal sorte que, em outro sentido, "a subjetividade é a não-verdade" (p. 193), a autoapropriação não consiste mais, como na etapa ética, em tornar-se manifesto, mas _sim em crer no absurdo. Há, por conseguinte, duas formas de religiosidade. "A religiosidade A" é a simples tomada de consciência pelo sujeito de seu ser eterno, tal como é expressa pelo juiz Wilhelm e desenvolvida no sermão de um "pastor jutlandês", retomado no fim de A Alternativa e nos Dezoito Discursos Edificantes (OC, VI) que Kierkegaard publicou, com seu nome, de 1843 a 1844, cada um deles acompanhando uma obra pseudônima, qualificando-os, no Post-scriptum, de "puramente filosóficos" (OC, X, p. 238). Essa religiosidade é superada pela "religiosidade B", que é a maior paixão, para apropriar-se do eterno fora de si, no fato histórico do Deus que se faz homem, e dar a existência temporal uma dimensão divina que ela nunca poderia encontrar em si mesma.
A partir de 1847, Kierkegaard publicou uma série de escritos religiosos (de tipo B). Notemos Obras do Amor (1847) e Discursos Cristãos (1848), publicados com sua assinatura. Em seguida, sob o pseudônimo de Anti-Climacus, publicou A Doença até a Morte, de 1848 ( cuja análise do pecado dá seguimento à análise do salto em O Conceito de Angústia), e Escola do Cristianismo (1850), resposta indireta à Dogmática hegeliana do pastor Martensen. Notemos ainda que o novo pseudônimo, Anti-Climacus, apesar de não ser fundamentalmente antifilosófico, apela sem reservas à penitência e à morte para o mundo. Opõe-se, assim, a Climacus, simples humorista cujo devir cristão é avaliado de acordo com os degraus escalados. Mas Anri-Climacus, por sua vez, visava a um ideal tão elevado que Kíerkegaard não o pôde alcançar, e, nos Papéis de 1849, ele diz de si mesmo que se situa "acima de Johannes Climacus, abaixo de Anti-Climacus" (Papirer, X, p. l, A, p. 517).
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• Os escritos de Kierkegaard, publicados em dinamarquês por ele próprio ou cm edições póstumas, acham-se reunidos nas Sam lede Vãrker, 2'" ed. ( com sumários, índices de autores e dos conceitos-chave), 15 vol., Copenhague, 1920- 1936; 3:' ed., 20 vol., Copenhague, 1962-1964 ( com índice comparativo das três edições). A segunda edição é a mais freqüentemente citada. Para as notas datadas e não datadas ( O Diário), esboços, obras inacabadas ou não publicadas pelo autor, ver os Papirer, l '. ed., 20 vol., Copenhague, 1909-1948; 2'. ed. aumentada, 22 vol. + 3 vai. de índice, Copenhague, 1968-1978. Uma edição francesa das Obras Completas ( Oeuvres completes), 19 vol. + l vol. de índice (Sam lede Viirker e alguns textos de Papirer), trad. por P. H. Tisseau e E. M. Jacquet-Tisseau e introduzidas por J. Brun, está sendo publicada pelas Editions Orante, Paris, l 966 ss.: J. (a publicar): Quatre artic/es, 1834-1836; Notre littérature de presse, 1835; Des papiers d'un homme encare en vie: Andersen en tant que romancier, 1838; La lutte entre l 'ancienne et la nouve/le cave à savon, 1838; Prédication de séminaire, 1841. 2. (publicado): Le concept d'ironie constamment rapporté à Socrate, 1841; Un article, 1842; Johannes Climacus ou De Omnibus dubitandum est, 1842- 1843. 3. (publicado): l/alternative, primeira parte, 1843. 4 (publicado): L'altemative, segunda parte, 1843. 5. (publicado): La répétition, 1843; Crainte et tremblement, 1843; Une petite annexe, 1844. 6. (publicado): Dix-huit discours édifiants, 1843-1844; Épreuve homilétique, 1844. 7. (publicado): Miettes philosophiques, 1844; Le concept d'angoisse, 1844; Préfaces, 1844. 8. (publicado): Trais discours surdes cinconstances supposées, 1845; Quatre articles de Fãdrelandet, 1845; Un compte rendu littéraire, 1846. 9 .. (publicado): Stades sur le clzemin de la vie (ln vino veritas, Divers propos sur le mariage en réponse à des objections, Coupable= Non coupable), 1845. 10-11 (publicado): Postscriptum définitif et non scientifique ai~, Miettes philosophiques, 1846. 12 (a publicar): Le livre sur Adler, 1847. 13. (publicado): Discours édifiant sur diverspoints de vue, 1847. 14. (publicado): Les oeuvres de l'amour, 1847; La dialectique de la communication éthique et éthico-religieuse, 1847. 15. (publicado): Discours chrétiens, 1848; La crise et une crise dans la vie d 'une actrice, 1848; M. Phister dons le rôle du capitaine Scipion, 1848. 16. (publicado): Point de vue explicatlf de mon oeuvre d'écrivain, 1848, publicado em 1859; Deux petits traités éthico-religieux (Un homme a-t-il le droit de se laisser mettre á mor/ pour la vérité?, Sur la différence ente un génie et un apôtre), 1849. 17. (publicado): La neutrulité armée, 1849; École chr/st/anis/ne, 1850; Un at1icle, 1851; Sur mono, d'écrivain, 1851. 18. (publicado): Deux discours pour la communion du vendredi, 1849; Un discours édifiant, J 850; De I'immutabilité de Dieu, 1851; Jugez vous-mêmes, 1851- 1852. 19. (a publicar): Vingt et un articles, 1854-1855; Ceei doit être dit, que ce soit donc dit, 1855; L'instant, 1855; Comment Christjuge le christianisme officiel, 1855. Para os documentos relativos ao noivado de Kierkegaard, ver lettres à Régine Olsen, trad. P. H. Tisseau, Bazoges en-Pareds, 1949. Extratos dos Papirer foram traduzidos por K. Ferlov e J. J. Gateau com o titulo de .Journal, 5 vol., Paris, 1941-1961.
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Peter KEMP